“Ela demonstrou arrependimento pela sua omissão e disse que quer encontrar a filha para pedir desculpas”, afirmou ao G1 o delegado responsável pelas investigações, Tiago José dos Santos Húngaro. A mãe admitiu à polícia que a criança havia pedido ajuda. “Ela admite que chegou a observar algumas situações estranhas, mas que amava o companheiro e que ele sustentava a casa. Por isso, fez vista grossa e não quis agir”, disse o delegado.Na quarta-feira (25), a polícia prendeu a mãe, de 28 anos, seu companheiro, de 23 anos, e o marido da avó, de 44 anos, depois de a menina escrever uma carta denunciando os dois pelas agressões. Em um trecho da carta divulgado pela polícia, a criança disse ter ficado decepcionada com o avô e afirmou querer que ele fique preso “para sempre”. “Alguns trechos não foram divulgados porque eram muito fortes”, disse o delegado.
O padrasto e o marido da avó devem ser indiciados por estupro de vulnerável. “A mãe também deve responder pelo mesmo crime e não apenas por omissão, porque ela devia ter evitado que isso acontecesse. Ela tinha a obrigação de proteger a criança”, afirmou o delegado.
Denúncia
A polícia recebeu uma denúncia da Secretaria Nacional de Direitos Humanos no início da semana e convocou a mãe a ir à delegacia para falar sobre o rendimento escolar insuficiente da filha. Enquanto ela falava com o investigador, o delegado disse ter conversado com a criança para ganhar a sua confiança.
Quando falava no padrasto, a criança demonstrava apreensão e chorava. Ela disse temer ser agredida por ele caso contasse a verdade. “Depois de contar o que eles faziam com ela, a menina me pediu para escrever uma carta com um recado para o avô e o pai”, disse o delegado.
O padrasto confessou o crime, segundo a polícia, e deu detalhes sobre os abusos. O marido da avó, porém, negou os atos.
Alívio
A menina e o irmão dela, de 1 ano e 8 meses, foram encaminhados a um abrigo em Jaú, cidade vizinha a Itapuí. O Conselho Tutelar de Itapuí optou por abrigá-los para evitar que ela sofresse alguma pressão psicológica. “Segundo a denúncia, a avó também se colocava em situação suspeita. A criança pergunta pela mãe, mas não sabe que ela foi presa. Ela sabe apenas que o padrasto e avó estão detidos”, disse a conselheira tutelar Ana Lúcia Pulito.
Nesta sexta-feira, o delegado esteve no abrigo e conversou novamente com a menina. “Depois do desabafo, ela parece estar aliviada”, disse Húngaro.
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