As investigações apontam que Bráulio Melo efetuou um disparo contra Thiago Taques, próximo a Boate Getúlio
Delegado da PF deve ser indiciado por tentativa de homicídio
As investigações da Polícia Civil apontam que o delegado federal Bráulio do Carmo Vieira de Melo deverá ser indiciado por tentativa de homicídio, após ter sacado uma pistola 9 mm e disparado na direção do jovem Thiago Pederneiras Taques. O crime foi cometido no último dia 9, nas proximidades do Restaurante Getúlio Grill, na Avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá.
Ao MidiaNews, o delegado Christian Cabral, que investiga o caso, informou que há, nos autos, indícios de que Bráulio atirou contra o jovem e, por se tratar de uma pessoa que sabe lidar com arma, ele assumiu o risco de matar. Inicialmente, o policial federal havia sido indiciado por lesão corporal.
Para o novo indiciamento, Cabral aguarda a conclusão das oitivas das testemunhas, o resultado das perícias do local que apontará o ângulo do disparo, da arma e do exame de corpo de delito - que comprovará se a lesão próxima ao peito de Thiago foi devido ao tiro.
"Indícios apontam para a desclassificação do crime de lesão corporal, em função de os autos apontarem que o tiro foi em direção aos jovens. Neste caso, o acusado é um delegado e perito em arma e presume-se que assumiu o risco de matar. O crime de ameaça também deve ser desclassificado e ele será indiciado por resistência à prisão, além do desacato a autoridade", afirmou o delegado Cabral.
Bráulio de Melo ficou cinco dias detido na sede da Polícia Federal e conseguiu a liberdade provisória na Justiça, no último dia 25. Dessa forma, o prazo para conclusão das investigações passa de dez para 30 dias.
Serviços internos
Sem porte de arma por determinação da Justiça, o delegado federal retomou suas atividades na Superintendência da PF, em Cuiabá. No entanto, desempenhará funções relacionadas a serviços internos.
A defesa de Bráulio solicitou à Justiça a restituição do porte, visando a retomar suas funções como autoridade policial em sua plenitude.
Procedimento administrativo
A Polícia Federal aguarda o resultado das investigações da Polícia Civil para instaurar um Procedimento Administrativo Disciplinar, com a finalidade de apurar a conduta do delegado, e se ele infringiu alguma legislação que dispõe sobre o comportamento de agentes federais.
Caso sejam comprovados indícios de crime funcional, ele pode sofrer sanções, que vão desde advertência por escrito até a expulsão dos quadros da Polícia Federal.
Entenda o caso
O delegado federal Bráulio do Carmo Vieira de Melo foi preso na madrugada do último dia 19, após sacar sua pistola 9 mm e atirar em um estacionamento em frente à boate do Restaurante Getúlio, na avenida de mesmo nome, em Cuiabá.
O disparo atingiu de raspão um estudante de 22 anos, que abria a porta do seu automóvel, um Astra preto. O tiro chamou a atenção de populares, que acionaram a Polícia Militar; uma viatura que passava pelo local deteve o delegado, que aparentava estar embriagado.
Até então, os PMs não sabiam se o tiro havia atingido alguém. O delegado estava acompanhado de um agente federal, que serviu de testemunha.
A alguns metros dali, os policiais se depararam com o estudante, que percebeu ter sido atingido por estilhaços. Um carro do Samu chegou a ser acionado, mas não foi necessário medicá-lo.
De lá, o delegado federal foi levado até o Plantão Metropolitano, que funciona na Delegacia do Planalto, para ser autuado em flagrante por três crimes (tentativa de homicídio, desacato e ameaça), de acordo com o boletim de ocorrência.
Comentários