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Internacional
Sábado - 28 de Maio de 2011 às 08:19

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O presidente da Sérvia, Boris Tadic, disse que a investigação sobre o general sérvio-bósnio Ratko Mladic, preso sob acusação de crimes de guerra, se estenderá a qualquer pessoa que possa tê-lo ajudado a escapar da Justiça nos últimos 16 anos.

Em entrevista à BBC, Tadic afirmou ainda que Mladic será enviado ao Tribunal Criminal Internacional para a Antiga Iugoslávia, em Haia, na Holanda, mesmo com o eventual recurso de seus advogados para evitar a extradição.

Mladic, 69 anos, um dos criminosos de guerra mais procurados do mundo, foi preso na última quinta-feira, após 16 anos foragido. Ele foi encontrado em um vilarejo no norte da Sérvia, onde vinha vivendo com nome falso.

O general é acusado de ter ordenado e coordenado, durante a guerra na Bósnia, o massacre de pelo menos 7,5 mil meninos e homens muçulmanos na cidade de Srebrenica, em 1995 --a maior atrocidade cometida na Europa desde a Segunda Guerra.

QUADRO COMPLEXO

"No próximos dias, nós teremos um quadro completo do que ocorreu nos últimos dois anos e meio, e até mais, nos últimos 16 anos", disse o presidente à BBC. "Para nós, isto será muito, muito importante."

Tadic disse que as investigações irão atrás de qualquer ajuda dada a Mladic por integrantes das forças armadas ou da polícia da Sérvia no tempo em que esteve foragido. Segundo o presidente, todos o que o tenham protegido serão processados.

Embora as famílias da vítimas de Srebrenica tenham ficado aliviadas com a prisão de Mladic, moradores de áreas sérvias da Bósnia ficaram descontentes com a detenção. O general é tratado como um mito em meio a muitos sérvios de extrema-direita.

Após a prisão, cerca de 2.000 pessoas fizeram um protesto no antigo posto de comando de Mladic, em Pale.

O presidente sérvio afirma que, embora o general tenha conseguido inicialmente um apoio considerável de algumas autoridades, isto se enfraqueceu depois da saída do poder do ex-presidente Slobodan Milosevic, em 2000.

Segundo Tadic, os esforços para encontrar o general foram intensificados desde que ele próprio assumiu a Presidência, em 2004, mas o grande tamanho da família do ex-comandante militar acabou frustrando várias vezes as tentativas de pegá-lo.

"Ele tem muitos, muitos parentes, não somente na Sérvia, mas também em outros países da região - na Bósnia, na Macedônia e em outros países", afirmou o presidente. "Isto estava criando dificuldades reais para investigar o caso."

EXTRADIÇÃO

Mais cedo, a porta-voz da Justiça Sérvia Maja Kovacevic disse a jornalistas que a saúde de Mladic é boa o suficiente para que ele seja extraditado.

O general se recusou a receber uma cópia do indiciamento do tribunal, segundo afirmou Kovacevic. Depois disto, o tribunal determinou que as condições para a sua transferência foram cumpridas, dando prazo até a próxima segunda-feira para apelar.

O advogado de Mladic, Milos Saljic, confirmou que um recurso será apresentado na segunda. O juiz terá três dias para deliberar a respeito, mas o correspondente da BBC em Belgrado Mark Lowen afirma que a decisão deverá sair antes disso.

A mulher do general, Bosiljka, e seu filho Darko foram até o tribunal para visitá-lo. Saljic disse que esta foi a primeira reunião da família em dez anos.
Darko disse a jornalistas que seu pais era inocente e não apresentava condições de ser extraditado para Haia.

KARADZIC

Enquanto isto, o promotor-chefe do Tribunal Criminal Internacional para a Antiga Iugoslávia, Serge Brammertz, disse que cogita colocar Mladic em julgamento junto do líder político sérvio-bósnio Radovan Karadzic, que também está preso.

Karadzic foi preso em 2008 e está sendo julgado desde 2009. Correspondentes afirmam que esforços para colocar ambos os réus em um julgamento conjunto causará atrasos nos procedimentos, pois Mladic não estará pronto para ser julgado ainda por vários meses.

Acredita-se que Mladic, que viveu livremente na capital sérvia, Belgrado, tenha se escondido da Justiça depois da prisão do ex-presidente da Iugoslávia Slobodan Milosevic, em 2001. Ele morreu em 2006, enquanto era julgado em Haia.
 






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