Condições do PS de Cuiabá são discutidas em audiência pública na Câmara
O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT) participou de uma audiência pública nesta sexta-feira (27), na Câmara dos Vereadores de Cuiabá. O encontro serviu para debater as atuais condições do Pronto-Socorro Municipal (PSMC), que virou notícia nacional recentemente devido às más condições de trabalho e atendimento.
De acordo com Lemos, hoje já é possível enxergar uma nova realidade na unidade. “Agora não tem mais pacientes no chão. Melhoraram a situação, mas foram todas medidas paliativas. Isso prova que não há necessidade de contratação de uma Organização Social (OS) para gerir a saúde. Os próprios gestores são competentes para isso, falta apenas vontade política”, comentou.
“Vivemos uma situação de guerra e desumanidade total. Frente a isso, não poderíamos ficar calados. Estamos montando uma equipe de defesa da saúde. O então governador Blairo Maggi (PR) disse, em 2009, que não poderia fazer nada pelo Pronto-Socorro, por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se a lei está impedindo o direito à vida, temos que mudá-las”, disparou.
De acordo com Lemos, a melhoria é notável, mas não passa de maquiagem. De acordo com ele, melhores condições de trabalho e leitos de retaguarda ainda são necessárias. “Não podemos apenas maquiar a realidade, mas temos que resolver o problema definitivamente. Cuiabá tem os mesmos 250 leitos construídos há 30 anos. Precisamos de ao menos 750 leitos”, comentou.
Já o novo diretor hospitalar do Pronto-Socorro Cuiabá, Fábio Liberali, questionou: “Onde estão os vereadores que deveriam estar aqui nesta audiência pública. Infelizmente até o vereador que votei não está aqui”, acompanhado da vereadora Lueci Ramos (PSDB), “onde está o prefeito e o secretário municipal de saúde?”.
Ao utilizar a tribuna, o deputado federal Valtenir Pereira (PSB) declarou seu apoio ao Sindimed e ao Sinpen – Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado de Mato Grosso - para denunciar o caos no PSMC à Corte Interamericana de Direitos Humanos. “Estamos fazendo a justificativa jurídica e vamos protocolar essa denúncia na próxima semana”, garantiu.
Além disso, Pereira criticou as condições de trabalho na unidade. “É um verdadeiro campo de concentração. Cada um faz o que pode. Mas precisamos de melhorias nas condições de trabalho. Precisamos ter um hospital de ponta aqui em Mato Grosso custeado pelo Governo Federal”, avaliou o deputado.
De acordo com ele, a presidente Dilma Rousseff (PT) destinou R$ 26 milhões para o Hospital Universitário Júlio Muller. No entanto, não fizeram o processo licitatório. O recurso foi liberado, mas está contingenciado por isso. “Além disso, R$ 23 milhões foram destinados para o Metropolitano de Várzea Grande, mas não tenho notícia de que foi empenhado pelo Governo do Estado. O Ministério da Saúde também garantiu R$ 10 milhões para o hospital de Sinop. Ou seja, recurso há. O que não tem é gestão”, criticou.
Presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o senador Jaime Campos (DEM), também participou da audiência. Segundo ele, o Estado precisa construir mais Hospitais Regionais. “Acredito que o grande problema é de gestão. Os salários são baixos e os profissionais têm que ter dois empregos para conseguir tirar um salário digno”, afirmou.
Na avaliação do senador, OSs não vão resolver o problema. “Eles vão cobrar acima da tabela do SUS. Portanto, é simples. Basta o gestor pagar para os profissionais um pouco acima da tabela. Além disso, temos que discutir um novo pacto federativo. A Emenda 29 não foi aprovada até hoje”, comentou, ao argumentar que pediu ao governador um projeto para a construção de um Hospital, pois, como presidente da Comissão de Assuntos Sociais, poderia conseguir uma emenda para as obras.
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