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Sábado - 28 de Maio de 2011 às 23:01
Por: KATIANA PEREIRA

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A família de Gilson Alves da Silva não mora mais na casa do Jardim Eldorado, em Várzea Grande. A viúva e os dois filhos do vendedor estão em Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), desde quarta-feira (25), quando o corpo de Gilson foi sepultado no jazigo da família.

O vendedor foi morto com oito tiros, em uma ação desastrosa da Polícia Civil (PC), tarde de segunda-feira (23). A ação envolveu três policiais, sendo que Edson Leite e João Osni, conhecido como "João Caveira", forma mortos em um acidente, logo após a execução de Gilson. O outro policial é Maksuel José da Silva, que, segundo informações da Polícia Civil, levou um tiro na perna, durante a operação.

Familiares temem voltar à casa, em Várzea Grande, depois de toda a polêmica que envolve a trágica morte de Gilson. O irmão da vítima, o policial militar Carlos Cesar Alves, 41, disse, em entrevista ao MidiaNews, que toda a família esta abalada com a tragédia e que ainda não ‘caiu a ficha" do que se passou.

"É difícil para minha cunhada voltar a morar na casa. Além da tristeza que tomou conta de todos nós, existe o temor pelo que pode acontecer daqui por diante. Ainda estamos em luto, a ficha não caiu", disse.

Uma das preocupações dos familiares é com relação às pessoas que Gilson acusou de terem cometido um furto em sua residência. A acusação seria o início desse grande mistério policial. Conforme relatos, Gilson da Silva teve a casa onde morava assaltada, na sexta-feira (20), por quatro bandidos. Foram levados um notebook, um aparelho de vídeo game Playstation e R$ 1 mil em dinheiro, que seriam usados para uma viagem a Alta Floresta (Extremo-Norte de MT).

"Meu irmão fez o boletim de ocorrência e acabou acusando umas pessoas, até brigou com um. Essas pessoas que ele acusou de furto são vizinhas da casa, que chegou a ser apedrejada após a denúncia de meu irmão. O telhado ainda está quebrado, para comprovar a violência", disse Carlos.

Além do temor pela possível reação dos vizinhos acusados por Gilson Silva, a família teme que possa haver outras pessoas envolvidas na execução do vendedor. "Existe toda essa história mal contada, não sabemos se tem mais pessoas envolvidas. Não sabemos a ligação dos acusados do furto com a Polícia. A rotina da família mudou, não tem como não voltar para lá sem ter medo de represálias", revelou o irmão da vítima.

Segundo informações de Carlos Cesar, a cunhada e os dois sobrinhos de Gílson estão em casa de parentes, na cidade de Cáceres. Eles devem voltar para Várzea Grande no início da semana, para providenciar a mudança para outro local. "Meu irmão foi um dos primeiros moradores do bairro, todos o conheciam e sabiam que ele era um homem de bem. Agora, a família vai se mudar para se manter em segurança", disse.

Atualmente, a única moradora da casa de número 5, no Jardim Eldorado, é uma cadela de estimação. A pitbul Keity, segundo relatos de vizinhos, não sai da porta da casa da família e até tem recusado a alimentação.

Entenda o caso

De acordo com a versão dos populares, os policiais Edson Leite e Maksuel José da Silva chegaram ao posto de gasolina 2006, na Rodovia dos Imigrantes, e deixaram o veículo Golf, de cor preta, nas proximidades do restaurante. Ao perceber a presença da vítima, os dois policiais rondaram o restaurante e efetuaram um disparo para o alto. O carro seria de propriedade do policial civil João Caveira, que teria acompanhado toda a operação.

Assustado, Gilson da Silva correu em direção ao matagal e foi atingido com três tiros na costa, dois na cabeça e um na perna. "Ele não tinha arma alguma. O que aconteceu foi uma covardia. Os policiais colocaram a arma na mão dele, para montar uma farsa", relatou uma testemunha, que, por motivo de segurança, não pode ter o nome revelado.

Conforme a versão das testemunhas, após assassinar o vendedor, os policiais civis Edson Leite e João Caveira partiram com o veículo Golf de cor preta, placa NJF 7503, em alta velocidade.

Ao chegar na Avenida Filinto Muller, João Caveira, que dirigia o veículo, não teria percebido uma lombada no meio do caminho e perdeu o controle, se chocando com o muro de uma residência. Ambos não resistiram aos efeitos da batida e, presos nas ferragens, morreram na hora.

Gilson da Silva foi proprietário do restaurante localizado no Posto 2006 e teria arrendado para uma família há dois meses e vendia sanduíches para eventos. Ele era casado e deixou esposa e três filhos. O filho mais velho de Gilson, de outro relacionamento, tem 15 anos e é deficiente físico, e mora em Cáceres com a mãe.






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