Um grupo da Al Qaeda intensificou seu controle sobre uma cidade litorânea do Iêmen enquanto na capital, Sanaa, uma trégua estava em vigor no domingo, visando encerrar quase uma semana de combates nas ruas que ameaçavam desencadear uma guerra civil.
Líderes oposicionistas acusaram o presidente Ali Abdullah Saleh de permitir que a cidade de Zinjibar, no Golfo de Aden, caísse nas mãos de militantes com o objetivo de criar um clima de alarme na região, algo que, por sua vez, pudesse traduzir-se em apoio externo ao presidente.
Homens armados que se acredita sejam da Al Qaeda pareciam estar em controle total de Zinjibar, na província turbulenta de Abyan.
"Cerca de 300 militantes islâmicos e homens da Al Qaeda entraram em Zinjibar e tomaram conta de tudo na sexta-feira," relatou um morador da cidade.
Grupos oposicionistas e diplomatas vêm acusando Saleh de aproveitar a ameaça da Al Qaeda para conquistar apoio e ajuda de potências regionais que procuram a ajuda de seu governo para combater os militantes.
De acordo com analistas, existem temores crescentes de que a Al Qaeda na Península Arábica (AQAP), que tem sua base no Iêmen, explore a instabilidade no país para fortalecer sua habilidade já comprovada em lançar atentados com bombas.
Quase 300 pessoas morreram nos últimos meses, enquanto o presidente vem tentando dominar pela força os protestos pró-reformas.
Os Estados Unidos e a Arábia Saudita, ambos alvos de ataques frustrados da AQAP, temem que o caos crescente no Iêmen possa favorecer o grupo militante. O Iêmen faz fronteira com a Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, e com um corredor marítimo por onde passam diariamente cerca de 3 milhões de barris de petróleo.
"As forças de segurança se retiraram e deixaram a cidade de Zinjibar nas mãos de elementos islâmicos armados que saquearam instituições governamentais," disse Ali Dahams, funcionário público oposicionista de esquerda na província de Abyan.
Os grupos oposicionistas vêm dizendo que poderiam fazer um trabalho melhor que o presidente em matéria de conter a Al Qaeda.
Pedestres e carros voltaram a circular nas ruas de Sanaa, onde batalhas campais deixaram pelo menos 115 mortos em quase uma semana de combates.
A violência mais recente, na qual as forças de Saleh enfrentaram integrantes da poderosa tribo Hashed liderados por Sadeq al-Ahmar, foi a mais sangrenta desde que a turbulência pró-democracia começou, em janeiro, e foi desencadeada pela recusa de Saleh em assinar um acordo para a transferência do poder.
Testemunhas disseram que, como parte do acordo de cessar-fogo, os homens de Ahmar devolveram o controle de um prédio governamental a mediadores.
Comentários