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Segunda - 30 de Maio de 2011 às 05:54

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Faróis alongados, frente agressiva e cintura alta dão modernidade ao New Fiesta
Faróis alongados, frente agressiva e cintura alta dão modernidade ao New Fiesta

O Ford New Fiesta (a partir de R$ 50,7 mil) é uma beleza de se olhar. Os faróis alongados, a linha de cintura alta, os vincos nas laterais e a frente agressiva tornam o carro uma referência em design inovador - e alinhado com a identidade global da montadora americana.

Na verdade, é uma pena que tão poucos New Fiesta rodem pelas ruas das cidades brasileiras. A versão sedã - que em breve ganhará a companhia do modelo hatch, ainda mais bonito - é bem mais rara do que concorrentes diretos como Honda City e Kia Cerato.

Os números da Fenabrave mostram que o Fiesta Sedan emplacou neste ano pouco mais de 13 mil unidades. Essa cifra, no entanto, é mascarada pelo fato de que o ranking junta sob um mesmo nome o New Fiesta e o Fiesta Sedan "antigo" (a estratégia também vale para Chevrolet Classic e Corsa Sedan, por exemplo). No mesmo período, foram emplacadas 12.236 unidades do City e 8.964 do Cerato - sendo que o Kia, por enquanto, roda apenas com gasolina.

Um número mais realista, fornecido pela própria Ford, dá conta de que 7.200 New Fiesta foram vendidos desde o lançamento, em outubro de 2010, até março de 2011. Nada impressionante, principalmente considerando que, nesse período de seis meses, a publicidade em cima do carro rolava com mais força.

É fato, portanto, que o New Fiesta vende pouco. A questão é: por quê? Como você verá na avaliação a seguir, o carro parece ter todas as armas - beleza, bom motor, equipamentos e preço alinhados com a concorrência - para ser um competidor melhor.
 

Fiesta lado

No processo de "abrasileirização", New Fiesta perdeu faróis de neblina com LEDs (Divulgação)

Beleza exterior

Talvez por ser tão "mosca branca", o New Fiesta ainda é um carro que chama a atenção por aí. O manobrista do estacionamento em que normalmente ficam os carros avaliados pelo R7 foi um dos primeiros a dar sua opinião.

- Esse ficou bacana, né, doutor?

O doutor, é claro, foi por conta dele, mas a opinião sobre o estilo do New Fiesta é quase unânime. A Ford chama o design de Kinetic - o objetivo é passar a impressão de movimento mesmo com o carro parado.

Outros fatores que contribuem para o visual bem acertado do carro são os retrovisores na porta, a linha ascendente dos vidros e o porta-malas alto, adornado por lanternas similares ao do Mondeo europeu. Essa traseira, aliás, ajuda a Ford a se redimir um pouco da sem-gracisse nas "bundas" do Focus e do Fiesta Sedan antigo.

Claro que nem tudo são flores. Fabricado no México, o New Fiesta perdeu, durante o processo de "abrasileirização", os belos faróis de neblina adornados por luzes diurnas de LEDs. No lugar, entrou a gambiarra da cobertura de plástico preto que destoa do conjunto no para-choques dianteiro.

 

Fiesta trás

Modelo parte de R$ 50,7 mil e chega a R$ 55.770; pacote "premium" inclui sete air bags (Divulgação)

Equipamentos e interior

O New Fiesta é vendido no Brasil em versão única, chamada SE, e pode receber opcionais que levam o preço dos R$ 50,7 mil iniciais para R$ 55.770. De série, o carro traz ar-condicionado (analógico), direção elétrica, vidros e travas elétricas, computador de bordo e som, entre outros. Freios ABS custam mais R$ 1.270. O pacote "premium", com tudo a que o motorista tem direito, inclui sete air bags (único no segmento), bancos de couro e outros itens de conforto.

Para efeito de comparação, o Kia Cerato parte de R$ 53,4 mil e chega a R$ 64,9 mil (automático com seis marchas). O Honda City, por sua vez, sai de R$ 53.620 e chega a altíssimos R$ 72.625 na versão de topo.

Por dentro, o carro da Ford também passa boa impressão. O design do painel é moderno, especialmente o rádio, que lembra um teclado de celular. O plástico emborrachado que cobre a maioria das superfícies está acima do nível normalmente encontrado no Brasil. A única coisa que faz falta é um marcador de temperatura do motor.

Se o porte e a imponência do New Fiesta passam a ideia de um carro muito maior, essa sensação diminui dentro da cabine. De lado a lado, ele é bem apertado (1,7 m). O entre-eixos, de 2,49 m, faz os ocupantes dos bancos traseiros sofrerem um pouco. O Ford também não é alto: 1,44 m (5 cm a menos do que o "old" Fiesta). Já o porta-malas tem capacidade para 440 litros.

 

Fiesta interior

Interior moderno e materiais de qualidade valorizam o New Fiesta (Divulgação)

Rodando

Mesmo com as qualidades no design, talvez o melhor ponto do New Fiesta seja mesmo o seu motor. Combinado a um preciso câmbio manual de cinco velocidades (único disponível), o 1.6 Sigma Flex rende 115 cv com álcool a 5.500 rpm. São 16,2 kgfm de torque a 4.250 rpm. Além de empurrar o carro com vigor e agilidade surpreendentes, esse conjunto se mostrou muito econômico: o consumo de álcool em percurso misto (cidade/estrada) foi de 10,1 km/l, de acordo com o computador de bordo.

Na estrada, o bom isolamento acústico garante um rodar silencioso. Quando exigido em ultrapassagens, o Ford mostrou boa capacidade de retomada. Com o carro completamente carregado, o New Fiesta teve fôlego em subidas - poucas vezes foi necessário reduzir de marcha para não perder velocidade. A direção é leve como ar - ou quase.

A suspensão (independente McPherson na frente, eixo de torção atrás) é acertada para lidar com a buraqueira das grandes cidades. Talvez um pouco mais mole do que o desejável, mas em nenhum momento comprometedora. No curvilíneo viaduto de ligação entre as marginais Pinheiros e Tietê, em São Paulo, o comportamento dinâmico mostrou ser quase neutro.

 

Fiesta montagem

Espaço de lado a lado é pequeno (1,7 m); rodas de liga-leve são de série (Divulgação)

A grande questão

Por que, com essas qualidades, o New Fiesta ainda vai mal de vendas? É difícil entender completamente as particularidades do mercado, mas, ouvindo opiniões aqui e ali, podemos cogitar algumas razões.

Em primeiro lugar, muitos potenciais compradores acham que R$ 50 mil é demais "por um Fiesta". Aparentemente, herdar o nome de um carro bem mais barato não fez bem ao modelo mais novo. Além disso, os principais concorrentes, especialmente o Honda City, carregam uma aura de status que falta ao sedã da Ford. Nessa faixa de preço, esses valores intangíveis começam a pesar mais.

Isso leva a crer que ao menos parte da responsabilidade pelas vendas fracas seja da própria Ford. O New Fiesta sumiu da TV. O marketing não conseguiu mostrar as qualidades de seu produto. A campanha nas redes sociais, que começou forte, perdeu força.

A solução mais simples, e que pode ser adotada em breve, é a redução de preço do New Fiesta. Com o recente ajuste para baixo na tabela do Fiesta Rocam 1.6 e a chegada do modelo hatch, ainda no segundo semestre, o momento seria propício.

NOTAS (0 a 10)

Design (9,5) – Moderno e ousado, o New Fiesta faz outros carros parecerem do século passado.
Conforto (8) – Boa posição de dirigir e excelente acabamento pelo preço. Peca principalmente pelo aperto lateral.
Comportamento (8) – A suspensão tem ajuste voltado para o percurso urbano, mas a "moleza" não chega a ser excessiva.
Motor e câmbio (8,5) – O ótimo 1.6 Sigma Flex entrega desempenho surpreendente e economia. Um câmbio automático viria a calhar.
Segurança (8,5) – Único na categoria a oferecer sete air bags (opcionais), o New Fiesta também traz freios ABS.
Preço (7,5) - Apesar de estar alinhado com os concorrentes, o New Fiesta ainda não emplacou nessa faixa de preço.

MÉDIA FINAL (8,25)


 




Fonte: Do R7

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