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Política
Segunda - 30 de Maio de 2011 às 16:49
Por: Karoline Garcia

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Nordestino de Caicó (RN), e com muito orgulho, casado, pai de dois filhos, aos 42 anos José Antônio Medeiros, quase sem querer, chegou a um posto cobiçado que já lhe rendeu uma baita dor de cabeça, e por que não dizer quase a cabeça. José Medeiros milita no PPS há exatos onze anos e desde então entrou em disputa partidária apenas em 2006, quando tentou vaga na Câmara dos Deputados, e em 2010, como suplente de uma das promessas da política mato-grossense, o senador Pedro Taques (PDT).
Falante, articulado e crítico, Medeiros se destaca num universo recém descoberto pelos políticos, as redes sociais, mais precisamente, o Twitter. Em uma conversa que rendeu cerca de três horas, ele – que reassumiu a presidência do diretório municipal do PPS -, revela qual o foco do partido a partir de agora, porque adotou o Twitter como uma ferramenta praticamente diária, e faz análises sobre a situação política e administrativa de Rondonópolis.


O relacionamento com o senador Taques também rendeu boas doses de análise e posicionamento e ele relembra o episódio em que foi ameaçado por ter sido registrado como primeiro suplente.


Ex-petista, quase um jornalista – Medeiros chegou a ter um jornal na época de escola, “O Clandestino”, ele afirma: “Eu gosto de discutir política, debater os problemas em busca das soluções, eu gosto da política como um fim, como uma solução”.




Diário Regional – Sua militância política começou em que partido?
José Antônio Medeiros – Foi o PT em que me filiei mesmo, mas acredito que depois a ficha sumiu, porque certa vez eu fui lá ver, e não estava mais filiado. Nós éramos da faculdade, era aquele sonho, o Lula como o líder no cenário nacional, aquela expectativa toda. Participei de um congresso na UNE em São Paulo, e fui me sentido o petista, quando eu cheguei lá tinham aquelas várias vertentes do partido, e eu era o petista lá dentro considerado ‘direitona’, o almofadinha. Aconteceu depois até um certo choque, porque eu, de petista até muito atuante, acabei passando num concurso totalmente diverso, para quem participava de política a polícia era inimiga representava a manutenção do ‘status quo’ e por conta do concurso fiquei fora da militância. Depois voltei, criamos um grupo, elegemos até um vereador do segmento, que foi o Ailton das Neves. Depois outra parte dos colegas ajudou a eleger o Cadidé.


Diário – Ainda no PT?
Medeiros – Não, sai na época da faculdade mesmo, depois da eleição do Lula eu sai do PT. Era um partido muito fechado, havia um preconceito com era de fora. Eu sou um cara complicado com amarras e ali era quase como uma seita e eu não me adaptei. Eu tenho um gosto diferente pela política. Eu gosto de discutir política, debater os problemas em busca das soluções, eu gosto da política como um fim, como uma solução.


Diário – E com esse perfil você tem espaço?
Medeiros – Tem, eu vejo que sim, eu vejo que se a pessoa pensar que ‘ah eu vou ter uma carreira política’, provavelmente não, o perfil é outro. Mas há espaço sim, pois é um pensamento empírico, de todo cidadão, o cidadão médio – e eu me vejo como um cidadão médio -, ele não pode entender como você elege sete ou oito representantes e sua cidade está passando por problemas, sua cidade está à margem do crescimento. O cidadão não consegue entender isso. E os políticos ficam dentro dos problemas de partido, da sua ideologia ali e esquecem que, na verdade, o fim da política não é a ideologia, é você se relacionar e tentar resolver.


Diário – Um exemplo.
Medeiros – Rondonópolis. Eu vejo hoje que a cidade precisa voltar a ter confiança, esperança, estamos mais com problema de estima, estamos hoje num processo de quase depressão. Eu tenho uma preocupação muito grande com Rondonópolis. Eu não sou tão velho assim, mas eu me lembro dos tempos do boom de Guiratinga. Ela tinha a melhor saúde, era um pólo da saúde. Também um pólo da economia agropecuária. A forma de fazer política não era muito diferente do que se aqui na cidade. Guiratinga foi murchando. O centro de saúde de Guiratinga é o ônibus as saúde. Então Guiratinga minguou, Poxoreo minguou. Nós temos um potencial tão grande, uma das cidades mais politizadas do estado, temos lideranças que tiveram grande projeção dentro do Congresso Nacional, como o Bezerra, que foi relator do orçamento, por exemplo. E não vejo que isso tenha se refletido de uma forma positiva. Se eu pego uma Prefeitura e eu simplesmente não quero me relacionar com o governador porque uma questão pessoal minha…Político não se pode dar ao luxo de fazer beiço, um representante do povo não pode manifestar qualquer sentimento pessoal, ‘não é pessoal’.
Diário – Depois de eleito suplente de senador, em 2010, você surpreende defendendo, em seu Twitter, ou seja, publicamente, a extinção do Senado Federal. O que te faz defender essa tese?
Medeiros – Eu vejo que não se trata da quantidade de câmaras que nos temos (Senado e Câmara), eu vejo que isso se refletisse de forma positiva poderíamos ter dez câmaras. Eu comecei a pensar nisso, diante de uma entrevista do Blairo e de várias entrevistas que o Pedro Taques tem dado. Nós temos um poder – o grande poder é quem está com o dinheiro. Não que eu defenda a extinção, mas eu abro a discussão. O Taques diz ‘o Senado é uma chancelaria, uma casa de bater carimbo’. Eu fui dar uma olhada o orçamento dessa casa é de $ 2,7 bilhões, o orçamento da quarta maior cidade do país, Recife. Eu defendo os R$ 2,7 bilhões, mas se aquilo fosse extremamente útil. Nada é caro na administração púbica quando ela produz um beneficio para o povo. Não quero que o parlamentar gaste pouco ou muito, eu quero ele gaste o que for necessário para fazer um bom mandato. Então, nesse sentido quando eu ouço o desânimo do Blairo, a leitura do Taques, então com base no que esses dois parlamentares novos, com vontade, chegam lá e dizem isso aqui não está valendo nada é admitir na falência do sistema de quem é o governo que dita regras, então vamos acabar com isso. Se tiver como reagir então ótimo, porque a ideia do bi-câmera é essa.


Diário – Foi uma jogada sua ameaçar deixar o partido, deixar a política, para, de repente, se tornar suplente de senador?
Medeiros – Tem muita gente me chamando de gênio, mas não teve nada disso. Eu não sou empresário de sucesso, não sou um profissional liberal. Eu era professor e bancário, duas profissões desgastantes demais. Aí eu passo no concurso da Polícia Rodoviária Federal, na passei a ganhar melhor e hoje é o ganha pão da minha família. Depois da minha campanha a deputado federal, em 2006, começaram a acontecer coisas estranhas. Toda vez que começava uma comissão de sindicância davam um jeito do Medeiros estar no meio, ou como testemunha, sei que a vida começou a não ficar fácil. Mas em 2006 aconteceu um fato interessante. Eu imagino a operação do Bin Laden. Quando eu dei fé tinham homens de preto pulando pelo muro, delegado gritando na frente, fui tirado de dentro de casa e fui levado pela Polícia Federal. Mas não tinha a ver com o processo eleitoral, disseram que foi um engano, a PF estava numa operação e alguém passou o endereço errado da pessoa que devia ser detida, e várias coisas e pensei que eu poderia acabar perdendo meu emprego por causa da militância política. Acabei me tornando, na cabeça de algumas pessoas, um possível candidato à superintendência da PRF. Mas minha meta nunca foi essa. Refleti com minha família e anunciei que estava fora, era hora de parar. E a reação partidária acabou me criando uma blindagem. Como na política tudo é estratégia, as pessoas começaram a dizer, puxa o Medeiros é um cara inteligente, e não foi, foi necessidade. O que estava me fazendo parar era a insegurança, mas quando eu me senti seguro não havia porque ficar fora e continuei fazendo.


Diário – Como é sua relação com o senador Pedro Taques?
Medeiros – Eu era candidato a deputado federal, e um dia em Tangará veio o convite se eu aceitava ser candidato a suplente. Aceitei e começamos a campanha. E veio a situação chatíssima, que por um infortúnio do destino houve aquele problema do registro de candidatura. Fui convidado para ser segundo suplente. O Fiúza desde o primeiro momento foi convidado para ser primeiro suplente. E por uma confusão, o Zeca Vianna foi registrado como primeiro e o Fiúza como segundo. Em dado momento o Zeca sai, e houve um pedido de reconsideração, mas a Justiça negou. Quando houve a troca, não teve como me registrar como segundo, se o primeiro que estava saindo essa vaga que teria que ser substituída. Já próximo à posse eu comecei a receber os telefonemas, e eu sempre coloquei que não tinha dificuldade em reconhecer, porque eu sabia que eu era segundo suplente. Se eu renunciasse a primeira suplência me colocaria numa condição política de vendável. Independente do que pensa o Pedro Taques de mim, ele era e ainda é pra mim aquele sentimento de povo, do que a população espera. Ele era o resgate da confiança e me surge esse problema, eu tinha receio que chegasse nele, mas eu iria salvar o Taques e ficar de ladrão, de traíra da população. A honra você leva a vida inteira para construir, mas num momento ela some.
 





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