Após quedas acentuadas, etanol hidratado reage e sobe na usina
O preço do etanol hidratado na usina, no Estado de São Paulo, subiu pela segunda semana seguida, com compradores voltando aos negócios e avaliações de que o período de queda acentuada nas cotações já passou, o que indica um ponto de equilíbrio ao mercado, apontou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O etanol hidratado, utilizado pelos veículos flex, subiu 3,2 por cento ao final da semana passada, para 1,0173 real por litro (sem frete e sem impostos). Com a alta da semana anterior, o ganho acumulado na quinzena é de 5 por cento, após o produto ter caído quase 40 por cento ante o pico do ano, de 25 de março, de acordo com dados do Cepea.
"Esse aumentozinho que teve é mais uma correção. Quando houve o movimento de queda..., ele caiu abaixo do nível que deveria cair porque ficou todo mundo esperando novas quedas... e deixou de comprar e a demanda diminuiu em função da espera por novas quedas", afirmou nesta segunda-feira Mirian Bacchi, pesquisadora do Cepea.
Ela explicou que, uma vez que os compradores foram obrigados a voltar ao mercado, o preço do hidratado atingiu um novo ponto de equilíbrio.
"Ele tem mesmo que ficar nesses níveis atuais, não imaginamos preços muito abaixo do ponto de paridade com a gasolina, sabemos que tem pouco etanol no mercado, este ano vai ser justo, a oferta está muito apertada, o consumo crescente, e esperamos que ele se estabilize nesses níveis", declarou.
A maioria das usinas do centro-sul do Brasil já iniciou o processamento da safra, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que projeta uma produção de 568,5 milhões de toneladas para a região, contra 556,7 milhões na temporada anterior.
Com mais cana sendo utilizada para a produção de açúcar, a entidade que representa os usineiros prevê uma estabilidade na produção de etanol, em 25 bilhões de litros, em meio a uma frota crescente, o que limitará a oferta do biocombustível.
A analista lembrou ainda que, embora o preço tenha fechado a semana passada com ganho, a alta no hidratado ocorreu na segunda e terça-feira, e não houve variação significativa nos outros dias.
Na mesma época do ano passado, o etanol era cotado na usina em torno de 0,70 real.
De outro lado, o etanol anidro (misturado à gasolina) registrou baixa de 5,2 por cento na semana passada na usina, na comparação com a semana anterior, para 1,1487 real por litro.
"O anidro caiu porque o hidratado está sendo mais consumido no Estado de São Paulo, o consumo diminuiu porque o pessoal migrou da gasolina para o álcool", observou ela, referindo-se ao fato de o etanol ter voltado a ficar competitivo.
"Ainda teve um número de negócios significativos, no entanto, como todo mundo está produzindo, a oferta foi maior que a demanda", disse ela sobre o anidro.
POSTOS TÊM QUEDA
Nos postos, ainda sob o efeito das fortes perdas verificadas desde o pico registrado ao final de março, os preços apresentaram queda de 4 por cento na cidade de São Paulo, apontou levantamento semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
No Brasil, o preço médio de revenda do etanol hidratado caiu 4,58 por cento na semana passada, para 1,981 real por litro.
"A redução foi inferior à ocorrida na terceira semana do mês, quando o preço recuou 6,65 por cento em relação à segunda semana do mês", afirmou a ANP em nota.
(Reportagem de Roberto Samora)
Para 79% dos pais brasileiros, publicidade de alimentos não saudáveis prejudica hábitos alimentares das crianças
Pesquisa do Datafolha realizada em todo o Brasil com pais e mães de crianças de até 11 anos de idade identifica que a grande maioria preocupa-se com publicidade de fast food e de alimentos não saudáveis dirigida ao público infantil
O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, contratou uma pesquisa ao Datafolha para identificar a opinião de pais e mães de crianças de até 11 anos sobre o impacto da publicidade de cadeias de fast food e alimentos considerados não saudáveis em seus filhos. A maioria, 79%, apontou que esse tipo de publicidade prejudica os hábitos alimentares dos pequenos.
78% concordam que a publicidade de alimentos não saudáveis levam as crianças a “amolar” os pais e pedirem pelos produtos anunciados, e 76% acham que os comerciais dificultam os esforços dos pais para educar o filhos a se alimentarem de forma mais saudável. A pesquisa foi realizada em todo o território brasileiro com 596 pessoas.
Para Isabella Henriques, coordenadora do Projeto Criança e Consumo, esses dados apontam para a urgência da pauta da regulação de publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gorduras e sódio para o público infantil. “A obesidade infantil já é uma realidade no Brasil e é preciso agir rapidamente para frear o aumento dos altos índices do problema entre crianças. Sabemos que só a regulação da obesidade não será suficiente para isso, mas sem dúvida é uma peça fundamental, que ajudará no processo de reeducação alimentar da população de modo geral”, diz.
Em 2010, a Anvisa publicou uma resolução nesse sentido, que está suspensa para as maiores empresas do setor alimentício. A Resolução nº 24 obriga as empresas a publicar junto com o comercial de seus produtos um aviso sobre eventuais problemas em caso de consumo excessivo desses alimentos. No entanto, a regra não estabelece diferença entre público infantil e adulto.
No fim de abril, durante evento da Organização Mundial de Saúde (OMS) para debater doenças crônicas não transmissíveis, a diretora geral organização, Margaret Chan, ressaltou que milhões de mortes causadas por esses problemas podem ser facilmente prevenidas com políticas públicas amplas e contundentes. O que inclui a regulação de questões cujo impacto é extremamente negativo, como é o caso da publicidade de alimentos ultraprocessados e não saudáveis para crianças e adolescentes.
“Aqui está uma pergunta que eu gostaria de fazer para as indústrias de alimentos e bebidas. Será realmente que produzir, comercializar, divulgar publicidade de forma agressiva, especialmente para as crianças, de produtos que prejudicam a saúde dos seus clientes é um bom negócio?”, questionou Margaret Chan.
No mundo
O governo dos Estados Unidos, país ícone do junk food, lançou recentemente uma série de diretrizes para restringir a publicidade de alimentos não saudáveis direcionada ao público infantil. Estabelecidas pelo FTC (Federal Trade Commission) e mais três órgãos do governo americano, as normas mandam um recado claro para a indústria alimentícia: façam produtos mais saudáveis ou deixem de anunciá-los para crianças.
A preocupação se estende para a Europa. Inglaterra e França, por exemplo, possuem regras claras para publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gorduras e sódio – o primeiro país proíbe veiculação de comerciais em programas dirigidos para crianças e adolescentes de até 16 anos; a França veicula avisos com mensagens de atitudes saudáveis depois das publicidades desse tipo de alimento.
Sobre o Projeto Criança e Consumo
O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, desenvolve atividades que despertam a consciência crítica da sociedade brasileira a respeito das práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes. Debater e apontar meios que minimizam os impactos negativos causados pelos investimentos maciços na mercantilização da infância e da juventude faz parte do conjunto de ações pioneiras do Projeto que busca, como uma de suas metas, a proibição legal e expressa de toda e qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança no Brasil. Mais informações no site: www.criancaeconsumo.org.br..
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