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Terça - 31 de Maio de 2011 às 20:46

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Foi lançada com sucesso na manhã desta terça-feira (31), em Cuiabá, a “Campanha pelo Trabalho Decente para a Copa do Mundo Fifa no Brasil, até 2014 e além”, movimento coordenado pela Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM).
O coordenador nacional da campanha e de projetos do Mercosul da ICM, Maurício Rombaldi, e o representante regional da entidade, Nilton Freitas, estiveram na Câmara Municipal de Cuiabá, em espaço aberto na Tribuna Livre pelo vereador Lúdio Cabral (PT), para explicar aos vereadores os objetivos do movimento.

A ICM é uma federação sindical global que reúne 328 sindicatos que representam 12 milhões de membros em 130 países, com sede na Suíça e escritórios regionais e de projetos no Panamá e na Malásia, África do Sul, Índia, Burkina Faso, Bósnia Herzegovina, Bulgária Chile, Curaçao, Quênia, Coréia do Sul, Tailândia, Rússia, Peru e Brasil.

Na Câmara Municipal, Rombaldi chamou a atenção para a necessidade de melhorar o diálogo entre os sindicatos, poder público, iniciativa privada e os demais entes diretamente envolvidos nas obras da Copa do Mundo de 2014, para garantir que os benefícios dos recursos investidos se estendam aos trabalhadores, trazendo melhorias salariais, qualificação profissional e inserção das mulheres e dos jovens no mercado de trabalho, entre outros itens.

Segundo a ICM, as obras da Copa do Mundo de 2014 gerarão cerca de 700 mil empregos e  significarão uma injeção de U$ 104 bi na economia nacional, montante que aumentará em 10.6% o PIB Nacional. “As obras estão atrasadas e a pressão sobre os trabalhadores só tende a crescer. Falta mão-de-obra e qualificação. É essencial garantir esta qualificação para que os trabalhadores não fiquem desempregados assim que as obras terminarem”, alertou Rombaldi, informando que só em São Paulo, 50% da mão-de-obra é terceirizada, o que dificulta a fiscalização e tende a precarizar as condições de trabalho.

Para ele, a falta de diálogo entre as entidades interessadas é o principal desafio a ser vencido pelo movimento. Na Câmara, até os próprios vereadores reclamaram da falta de diálogo da Agecopa. O vereador Antônio Haddad chegou a pedir aos sindicatos que repassem à Câmara informações sobre o andamento e as condições de trabalho nas obras.

Lúdio Cabral destacou a importância de se abrir um espaço para discutir o tema na Câmara. “A Copa tem que servir para o crescimento da população não só para deixar mais ricos quem já tem dinheiro. Os trabalhadores da construção civil não podem ser explorados”, disse ele, ressaltando o trabalho que tem feito há mais de um ano junto ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM).

Cerca de 100 sindicalistas lotaram a plenária para acompanhar a sessão. Estiveram presentes os presidentes dos sindicatos dos trabalhadores na indústria da construção civil e mobiliário das cidades de Feliz Natal e Vera, Nilce Taconi;  da indústria da construção civil e mobiliário de Juara,  Valmir Aparecido dos Santos; da indústria química, Ricardo Amaral; da indústria da construção pesada, Adão Pereira; e dos técnicos em segurança do trabalho, Geraldo Pacheco, além de trabalhadores filiados aos sindicatos.

Mais tarde eles se reuniram com os representantes da ICM, na sede do SINTRAICCM, para discutir os próximos passos da Campanha pelo Trabalho Decente.

Na reunião, Mauricio Rombaldi ressaltou a necessidade da união e organização dos trabalhadores para o fortalecimento da campanha que, na última Copa do Mundo, trouxe como resultado 12% de aumento nos salários e 40 mil ingressos para que os trabalhadores assistirem aos jogos. O acesso dos sindicatos às obras também foi facilitado graças à campanha.

No Brasil, há 7 milhões de trabalhadores da construção civil, número que deve subir para 9 milhões com o crescimento das obras da Copa do Mundo de 2014 e outras obras, como as do PAC e do Programa Minha Casa, Minha Vida. “Este é um momento único de crescimento do trabalho e da renda, de aumentar a participação das mulheres e de dar atenção especial a temas como os acidentes e doenças do trabalho“, comentou Nilton Freitas.

Uma das metas da agenda da campanha é garantir a presença dos sindicatos no acompanhamento das obras, tema que será tratado logo mais, às 16:30, em reunião dos representantes da ICM, sindicatos e a diretoria da Agecopa.  Os sindicalistas querem agendar visita às obras do Verdão e ao Aeroporto Marechal Rondon.

A luta pela melhoria das condições dos trabalhadores das obras já está em andamento em Mato Grosso. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria (FETIEMT), Ronei de Lima, lembrou a situação vivida pelos trabalhadores da Arena Pantanal, que há alguns meses atrás reclamaram dos baixos salários praticados pela construtora Santa Bárbara-Mendes Júnior, que remunerava-os somente com o piso da categoria. Graças à intervenção do SINTRAICCCM e da FETIEMT, foram conquistados reajustes salariais e outros benefícios. “Desde aquela época já dizíamos que iríamos procurar ajuda de entidades nacionais e internacionais em nossa luta para garantir os direitos destes trabalhadores. Em Mato Grosso, temos um salário achatado, não contamos com benefícios como cesta básica e planos de saúde. Precisamos nos fortalecer, pois nossa luta será contra gigantes”.

A ICM visitará os 12 cidades-sede da Copa do Mundo.






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