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Cidades
Quarta - 01 de Junho de 2011 às 15:08

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O Hospital Martagão Gesteira, em Salvador, é uma das unidades de saúde mais importantes da Bahia em atendimento pediátrico e está com o ambulatório parado há uma semana. Com isso, o hospital está sem receber novos casos de crianças com câncer.

Segundo a direção do hospital, desde o mês de abril de 2011 a prefeitura de Salvador não está repassando o dinheiro do Sistema Único de Saúde (Sus) para a unidade. Muitos pacientes estão voltando pra casa.

“Eu fico assim angustiada, por que eu não moro aqui, moro no interior, eu vim do interior para cá”, conta a lavradora Jane de Moura.

Há duas semanas o Hospital Martagão Gesteira, o único totalmente pediátrico em Salvador e referencia em tratamentos contra o câncer infantil no estado, deixou de atender novos casos. O ambulatório geral parou na semana passada, e desde a última segunda-feira (30) as cirurgias eletivas, ou seja, aquelas já marcadas, mas sem urgência, deixaram de ser feitas. A paralisação das atividades, de acordo com a direção da unidade, é por causa do atraso no repasse de dinheiro do SUS pela prefeitura.
 

Segundo Carlos Manuel, diretor técnico do hospital, um milhão e trezentos mil reais do pagamento regular do mês de abril não foram repassados pela prefeitura, além disso, há uma dívida de R$ 700 que se acumula desde agosto de 2010 da chamada produção extra teto, ou seja, gastos por causa do aumento dos atendimentos que não estavam previstos no orçamento.

A situação vem sendo comunicada a Secretária Municipal da Saúde através de ofícios. Hoje os gastos do hospital chegam a pouco mais de um milhão setecentos e sessenta e oito mil reais. Cerca de R$ 668 mil são para o pagamento de médico e compra de materiais e medicamentos, R$ 610 mil para o pagamento de salário para outros funcionários, R$ 420 mil com outras despesas e R$ 70 mil só de juros pagos a bancos.

“Na verdade, desde o ano passado todo nós estamos recebendo em atraso, isso está gerando juros sobre juros e vem desestruturando nosso fluxo de caixa. Se não houver uma solução no curto espaço de tempo, nós não vamos ter condições de manter ou, pelo menos, completar o atendimento que nós estamos. Infelizmente isso pode acontecer”, explica o diretor técnico do Martagão Gesteira.

Por causa do atraso do pagamento pela prefeitura, os estoques estão quase vazios. Hoje a unidade se mantém por causa das doações. Com medo de ter o tratamento dos filhos prejudicados, pais que tem filhos internados no hospital, fizeram nesta quarta-feira (1º) uma caminhada da unidade de saúde, que fica no Tororó, até a sede do Ministério Público, no bairro de Nazaré, na capital baiana. “O que nós queremos que o Ministério Público faça? Que ele interfira com a prefeitura, com o Governo Federal, com o Governo Estadual ao nosso favor. Não estamos pedindo nada, só o direito de cuidar dos nossos filhos”, relata a dona de casa Josenilda Oliveira.

A Secretaria Municipal da Saúde informou que está mesmo com dificuldades financeiras e que o Governo Federal envia todo mês R$ 24 milhões, mas as despesas com a saúde chegam a R$ 30 milhões. Na semana passada, o prefeito João Henrique e o secretário Gilberto José foram a Brasília pedir o aumento desse repasse.  Pelo menos por enquanto, ainda não há previsão para o pagamento do mês de abril ao Hospital Martagão Gesteira.
 






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