Direitos Humanos acompanha o caso e quer garantia de Justiça
Família de vendedor morto vai processar a Polícia Civil
Familiares do vendedor Gilson de Oliveira Alves revelaram, em entrevista ao MidiaNews, que vão acionar judicialmente o Estado e cobrar providências sobre a participação dos policiais civis no assassinato. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB/MT) acompanha o caso e vai interceder pela família.
Gilson foi morto durante uma ação policial suspeita, em um posto de gasolina, em Várzea Grande, há três semanas. A primeira alegação era de que o vendedor era suspeito de integrar um quadrilha de ladrões de caminhões, o que foi desmentido pela Polícia um dia após a morte. Desde então, várias versões surgiram e não se sabe, ainda, o que, de fato, ocorreu durante a abordagem.
Também morreram no episódio os policiais civis Edson Leite e João Osni, o "Caveira", como era conhecido. Os dois morreram em um acidente de carro, depois que Edson Leite foi baleado na barriga e estava sendo levado pelo colega ao Pronto-Socorro de Várzea Grande. Um terceiro policial levou um tiro na perna.
O irmão da vítima, Paulo Anunciação Alves, acredita que o Estado é responsável pela morte de Gilson, uma vez que a sua morte foi causada por um erro da Polícia Judiciária Civil (PJC). "Quando o delegado [Antonio Garcia] que está acompanhando o caso, reconheceu na entrevista que meu irmão foi confundido com um bandido, ladrão de carreta, ele confirmou a culpa da polícia na morte infeliz", disse.
Outro ponto observado por Paulo é sobre a declaração do delegado da PC que sugere suspeitas sobre a conduta do vendedor. Em entrevista coletiva, Garcia destacou que não pode se considerar a vítima Gilson da Silva inocente. "Isso não significa dizer que fosse uma pessoa que vivia em conformidade com a lei", afirmou o delegado, em entrevista, um dia após o crime.
"Mesmo depois de terem matado meu irmão ainda querem sujar a memória dele. Falar isso em entrevista quer dizer que ele não era uma pessoa de bem?", indagou Paulo.
Paulo Anunciação revelou ainda que a família, de origem humilde, tem passado por dificuldades financeiras e que Gilson tinha contas na praça, que até agora não conseguiram pagar. "Meu irmão tinha comprado o carro há pouco tempo. O carro está no nome da minha cunhada, que não tem renda. Todos nós somos humildes não temos como manter os filhos que ele deixou. Tivemos mais de R$ 3 mil para dar pelo menos um velório digno para ele. Até o notebook que roubaram ainda teremos que quitar", revelou.
A presidente da Comissão dos Direitos Humanos, Betsey Polistchuck de Miranda, disse ao MidiaNews que a comissão já está acompanhando o caso e que irá interceder pela família para que não tenham seus direitos lesados. "Mesmo a família ainda não tendo nos procurado formalmente, a Comissão está acompanhando o caso para que os diretos da partes envolvidas sejam preservados. Foi reconhecido um erro policial e o Estado deve arcar com as conseqüências. Essa família deve fazer uma representação judicial contra a Estado e ser indenizada pela perda", informou.
Comentários