Justiça ainda não foi notificada de prisões de bombeiros no Rio
Mais de 48 horas após a prisão de 439 bombeiros que invadiram o quartel da corporação, no Rio, a Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Rio ainda não foi notificada sobre as detenções, passo necessário para que possa decidir sobre a continuidade ou não das prisões e sobre eventuais denúncias contra os manifestantes.
No início da tarde, o novo comandante dos bombeiros fluminenses, coronel Sérgio Simões, disse que não poderia tomar nenhuma providência em relação aos 439 presos, já que o caso já estaria nas mãos da Justiça Militar.
"Os bombeiros foram autuados por motim, danos ao patrimônio público e impedimento de prestação de socorro, tipificados no Código Penal Militar. O documento de auto de prisão em flagrante foi encaminhado à Justiça Militar e vai virar um processo criminal. Cada um dos militares terá as prerrogativas de defesa para esclarecer sua participação, mas como comandante não tenho controle sobre a situação", afirmou o comandante.
A Folha questionou o governo do Rio sobre o atraso na notificação das prisões, mas ainda não obteve resposta.
INVASÃO
O quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio foi ocupado na sexta-feira (3) à noite por cerca de 2.000 manifestantes, de vários batalhões da cidade, alguns acompanhados por familiares --mulheres e crianças-- que reivindicam melhores salários. Durante quase cinco horas --das 21h às 2h-- o comandante geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, esteve no local negociando com os invasores. Ao longo da madrugada, alguns bombeiros deixaram o quartel.
Policiais militares do Batalhão de Choque invadiram às 6h do sábado (4) o quartel com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a manifestação. O comandante do batalhão de choque, Valdir Soares, ficou ferido durante a ação. Uma criança de dois anos foi atendida no hospital Souza Aguiar por ter inalado gás, mas já foi liberada.
Os líderes da invasão ao quartel podem ser condenados a até 12 anos de reclusão, de acordo com código penal militar.
"VÂNDALOS"
Em entrevista coletiva no sábado, o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), qualificou os bombeiros que invadiram o quartel de "vândalos irresponsáveis" e a invasão de ação "inaceitável do ponto de vista do Estado de Direito democrático e do respeito à instituição centenária, admirada pelo povo do Rio de Janeiro".
Cabral refutou a alegação dos manifestantes de que recebiam o pior salário do país, dizendo que, em seu governo, a corporação está tendo pela primeira vez um plano de recuperação salarial.
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