O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, afirmou nesta terça-feira (7), durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que somou 0,47% em maio deste ano e 6,55% em doze meses, não ficará acima do teto do sistema de metas de inflação (de 6,5%) no ano de 2011 fechado.
"O IPCA de hoje veio excepcionalmente muito bem. Veio 0,3 ponto percentual abaixo do IPCA do mês anterior, já mostrando que a inflação brasileira está se dissipando e convergindo para dentro da meta em 2012. Não ficará, em hipótese alguma, fora da banda de tolerância em 2011", declarou Holland a parlamentares.
Segundo ele, o crescimento da inflação registrado no fim de 2010, e nos primeiros meses deste ano, foi causado, em grande parte, pela pressão de alta dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação no mercado internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo).
"No segundo semestre de 2010, [a pressão] foi algo surpreendente. Gerou uma inflação global. O BC tratou disso. Já teve aumento de 1,25 ponto percentual nos juros [neste ano]. E o governo fez uma ampla política de solidez fiscal [corte de R$ 50 bilhões] e subiu o IOF [para empréstimos buscados no exterior]", disse Holland.
Crescimento econômico
Sobre o crescimento da economia brasileira, o economista do governo avaliou que "há um processo de acomodação". Ele lembrou que, no ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,5%, e acrescentou que, nesse ano, a taxa de expansão deverá ser menor, em torno de 4,5%.
Segundo ele, o crescimento médio da economia, entre 2011 e 2014, deverá ficar em 5,1%. "Saímos de 2,6% [de crescimento médio do PIB] de 1980 até 2000. A média era a metade do crescimento mundial. E estamos falando que o Brasil agora cresce algo próximo do dobro do crescimento mundial, com estabilidade de preços. Isso é vislumbrado pelos investidores como um mercado altamente atrativo, com estabilidade de preços", disse ele.
Atração de capitais
Com crescimento econômico alto, e inflação controlada, Holland disse que a economia brasileira está atraindo recursos, que acabam por pressionar, para baixo, a cotação da dólar - barateando as importações e tornando as vendas externas mais caras. Entretanto, ele classificou esse problema como "bom".
"Estamos falando de um bom problema [entrada de capitais no Brasil]. Nos anos 80, não tínhamos dinheiro para cobrir o serviço do pagamento das dívidas externas. Cabe a nós, autoridades econômicas, lidarmos com tranquilidade, sem ruptura de contratos e com o mercado. Para que o país mantenha suas taxas de crescimento", avaliou Holland.
Ele acrescentou que a entrada de capitais no país, em grande parte, interessa ao governo brasileiro. "Temos mitigado os efeitos dos capitais que não nos interessam", afirmou o secretário, lembrando que o governo já baixou várias medidas, entre elas o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos de empresas no exterior, além de uma maior taxação de operações financeiras, como aplicações de estrangeiros em renda fixa.
Em sua visão, o governo brasileiro tem administrado os fluxos de capitais para o país de maneira "extremamente exitosa", por meio da política tradicional para a taxa de juros, assim como por meio de "medidas macroprudenciais" já adotadas. "Enquanto outros países reduzem bastante as taxas de juros, para estimular o emprego e a economia, o Brasil passa por um período de crescimento. Esse descompasso faz com que os capitais venham para cá", explicou.
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