Acidentes de trânsito estão se tornando a principal causa de mortes de jovens ao redor do mundo, superando as mortes causadas por males como malária e tuberculose.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), que estudou o tema globalmente pela primeira vez, qualificou a violência no trânsito de "epidêmica".
O problema ganha dimensão com o fato de que o mundo está vivenciando o período de maior crescimento em construção de rodovias e compra de carros em sua história.
No final de 2010, a China ultrapassou os Estados Unidos como o maior comprador de carros novos no planeta.
Muitas das novas estradas construídas no mundo emergente são vistas como um sinal positivo de desenvolvimento, mas, em muitos casos, elas não são planejadas para o bem-estar de seus usuários e de pessoas que vivem ao redor.
Muitas vias recém-construídas na Ásia, por exemplo, não têm espaço para pedestres, fato que pode colocar vidas em risco.
Consequências amplas
Um acidente de carro tem amplas consequências econômicas e sociais. É o caso do mecânico vietnamita Huynh Trong Hieu, que teve a sua vida e a de seus familiares alterada depois que ele sofreu um acidente de moto, em 2008.
Ele não estava usando capacete e acabou sofrendo traumatismo craniano, que fez com que ficasse internado na UTI durante três meses.
Depois disso, não conseguiu mais dinheiro suficiente para sustentar sua mulher, seus dois filhos e seus pais - sua renda mensal caiu de US$ 170 para US$ 30.
Além disso, a família teve de arcar com custos hospitalares de US$ 4,5 mil; e sua mulher teve de usar uma parte maior do seu tempo cuidando do marido acidentado.
Os filhos do casal tiveram de ser levados à casa dos avós.
Segurança insuficiente
Apesar de acidentes como o de Hieu estarem se tornando mais frequentes e mais mortais, muitos governos têm gastado muito mais dinheiro em prevenção de doenças do que em segurança viária.
A Índia, por exemplo, gasta 13 vezes mais per capita no combate à Aids do que em acidentes de trânsito, apesar de estes serem campeões de mortes no país.
Em reação ao problema crescente, diversas ONGs e líderes globais se uniram para lançar o projeto Década de Segurança Viária da ONU (www. makeroadssafe.org/Pages/home.aspx).
A campanha tem o objetivo de conscientizar cidadãos quanto ao tema e criar uma resposta coordenada com diferentes países e agências viárias.
"Já estava em tempo (de promover essa campanha)", disse à BBC Etienne Krug, diretor do Departamento de Lesões e Prevenção à Violência da OMS. "É uma possibilidade de agir e salvar vidas."
Para a fundação britânica FIA, que se dedica à segurança viária, é preciso iniciar uma mudança radical na forma de pensar a segurança nas estradas no mundo em desenvolvimento, em especial na África.
"Frequentemente vemos doadores e agências gastando bilhões em novas estradas que estão causando um número crescente de vítimas fatais", disse Avi Silverman, porta-voz da fundação.
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