O economista, contudo, não descarta uma possível deflação no fim de junho. "Há chances de haver deflação, mas está tudo apoiado no grupo de alimentos in natura", pondera.
Picchetti destaca que esse grupo - que inclui hortaliças, legumes e frutas - foi o grande responsável pela atual desaceleração no item alimentação, que recuou de 0,47%para 0,25% entre a última semana de maio e a primeira de junho. A volatilidade desses itens, que estão sujeitos a questões climáticas, dificultam previsões para o fim do mês, diz o coordenador.
Como exemplo, Picchetti cita que o item hortaliças e legumes teve alta de 1,92% na atual leitura, contra elevação de 3,08% na semana anterior, mas alguns subitens tiveram comportamento divergente na passagem de maio para junho.
O tomate, que variou 12,58% na última semana do mês passado, avançou para 18,32% na primeira quadrissemana de junho, enquanto a batata inglesa teve deflação de 9,01% no período, contra alta de 4,16% na última leitura de maio.
"O grupo in natura é responsável por grande parte da queda atual, mas é sujeito a choques de oferta de ciclo muito rápido. Por isso, é difícil prever sua trajetória. Na verdade, o índice previsto para junho, de 0,35%, ainda não está descartado, mas se vier revisado para baixo, isso virá do grupo alimentos in natura", afirma Picchetti.
A tendência daqui para frente é de desaceleração no índice, acredita o economista. "O difícil é quantificá-la". De qualquer forma, o movimento previsto por Picchetti para o ano é de uma aceleração mensal média de 0,35% no IPC-S.
"Qualquer movimento que acabe causando deflação agora tende a ser compensado por algum aumento. O que podemos é ter meses abaixo de 0,35%, mas depois meses com aceleração acima desse número".
(Arícia Martins | Valor)
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