Silvia Pauluzi , da DHPP, defende na internet ex-colegas que morreram em operação desastrada
Mensagens no Facebook põem inquérito sob suspeita
Responsável pelas investigações do caso que resultou na morte do vendedor Gilson de Oliveira Alves e dos policiais civis Edson Leite e João Osni, o "Caveira", a delegada Silvia Pauluzi, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), tem manifestado, publicamente, apoio aos ex-colegas de trabalho, por meio da rede de relacionamentos Facebook.
A ação policial desastrosa que resultou nas mortes aconteceu no último dia 23 de maio, em um posto de gasolina, na Rodovia dos Imigrantes, em Várzea Grande, e várias versões já foram apresentadas, mas ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Em entrevista coletiva, a cúpula da Polícia Civil reconheceu que a operação foi desastrosa e inocentou o vendedor.
Conforme o MidiaNews apurou, Sílvia Pauluzi fez vários comentários na rede. Em um deles, ela lamenta o fato de não ter ido ao velório dos policiais e diz estar muito triste e abalada com o ocorrido. "Nem me fala, tô extremamente triste e abalada... Nem pude ir ao velório, muito trabalho desde ontem... bjus", escreveu.
Em outro comentário, num vídeo postado em homenagens a Edson Leite e João Caveira, a delegada diz ter ficado comovida com as honrarias e voltou a repetir que não pôde ir ao velório, alegando que estava trabalhando para esclarecer os fatos. "Comovente... Não pude ir, trabalhando para esclarecer muitas coisas que têm manchando a honra desses irmãos", afirma.
A delegada afirma, ainda, que nada trará os "irmãos" de volta e que só ficará a lembrança de ambos. "Eu que o diga. Como foram difíceis os trabalhos de local do crime, quantas coisas ouvimos e enfrentamos, mas tudo vai ser esclarecido ao seu tempo... Nada trará de volta nossos irmãos, apenas ficará a lembrança do trabalho de ambos... Eu pude trabalhar com os dois, muito ri com João e Edson, grandes pessoas... Que descansem em paz!", completa.
Inquérito comprometido
Segundo um especialista em inquéritos policiais ouvido pela reportagem e que preferiu não se identificar, a conduta da delegada Sílvia Pauluzi poderá colocar em xeque o trabalho que vem realizando na investigação do caso, uma vez que a parcialidade dela ficou evidente na rede social.
"A partir do momento em que a delegada fez comentários em apoio aos colegas da Polícia Civil e os cita como irmãos, o princípio da imparcialidade foi violado. E isso não pode acontecer em um inquérito policial", afirmou o especialista.
Versão da polícia
Em entrevista coletiva, um dia após o incidente, a cúpula da Polícia Civil anunciou que Gilson, morto com oito tiros pelo policial Edson Leite, foi confundido com um assaltante de cargas e receptação de carretas roubadas que vinnha de Mato Grosso do Sul, o comerciante João Carlos de Oliveira, o Carlinhos.
Ao ter conhecimento de que o suspeito estaria em Várzea Grande, Edson articulou uma ação, em parceria com com o policial Maksuel, para prendê-lo. A partir daí, começaram a seguir um veículo com as características do que era conduzido por Carlinhos, que parou no Posto 2006, na Rodovia dos Imigrantes.
No local, os policiais se aproximaram do suspeito, que, na verdade, se tratava de Gilson, que, assustado, correu em direção ao matagal, onde entrou em luta corporal com Maksuel. No embate, a pistola teria caído no chão e sido recolhida pelo vendedor, que fez um disparo contra o joelho do policial.
Logo depois, Gilson ainda disparou dois tiros contra o policial civil Edson Leite, acertando-o na região abdominal. Mesmo ferido, Leite fez oito disparos contra Gilson da Silva, que morreu na hora.
No momento da ação, o policial João Caveira teria aparecido no posto para abastecer e decidiu socorrer Edson, levando-o ao Pronto Socorro de Várzea Grande.
No percurso, mas precisamente na Avenida Filinto Muller, Caveira, que conduzia um veículo Golf, de cor preta, em alta velocidade, perdeu o controle do carro e bateu violentamente contra um muro de uma residência. Os dois morreram de traumatismo craniano, em virtude da batida.
Outro lado
Ao MidiaNews, a delegada Sílvia Pauluzi afirmou que trata-se de uma opinião pessoal e garantiu que nada irá interferir no seu trabalho profissional. Além disso, ela destacou que a investigação vem sendo feita em conjunto com a Corregedoria da Polícia e com o Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
"Embora seja uma opinião pessoal, isso não irá interferir em nada na investigações. A verdade sobre os fatos irá aparecer ao final do inquérito", afirmou a delegada.
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