Bovespa cede 1% no fechamento, para menor nível desde julho
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desceu para o seu nível mais baixo desde 5 de julho do ano passado. Frente a uma pesada agenda de indicadores no curto prazo, poucos investidores se animaram a fazer negócios na jornada desta segunda-feira.
O índice Ibovespa quase ficou abaixo dos 62 mil pontos, considerado por analistas técnicos como uma "zona perigosa" para a Bolsa de Valores brasileira.
Hoje à noite, a China deve divulgar uma sequência de indicadores fundamentais de sua economia: índices de preço, vendas do setor varejista e produção industrial, que fatalmente devem repercutir no pregão de amanhã.
Para completar o quadro, o governo americano publica nesta terça o também aguardado PP (índice de preços ao produtor, na sigla em inglês), o que também deve ter uma repercussão nessa rodada de negócios.
Hoje, as chamadas "blue-chips" concentraram boa parte dos negócios de hoje: somente os papéis do tipo preferencial, da Vale e da Petrobras, movimentaram cerca de R$ 740 milhões neste pregão. Enquanto a ação da mineradora recuou 1,49%, o ativo da petrolífera teve perdas de 1,64%.
O grupo varejista Magazine Luiza anunciou hoje um acordo para a compra de 121 lojas da rede Baú da Felicidade, do grupo Sílvio Santos, por R$ 83 milhões. A ação ordinária teve alta de 0,87%, sendo negociada por R$ 17,30, e com um volume financeiro de R$ 14,42 milhões.
O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 1,08% no fechamento, aos 62.022 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,03 bilhões, bem abaixo da média de maio (R$ 6 bilhões/dia).
Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu apenas 0,01%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,588, em queda de 0,56%. A taxa de risco-país marca 172 pontos, número 0,52% abaixo da pontuação anterior.
O boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, apontou que a maioria dos economistas do setor financeiro revisou para baixo suas projeções para a inflação, já pela sexta semana consecutiva. O IPCA projetado passou de 6,23%, na semana passada, para 6,22% nesta segunda-feira. Para 2012, a projeção de inflação ficou inalterada em 5,10%.
Ainda no front doméstico, o Ministério do Desenvolvimento apontou que a balança comercial do país teve um superavit de US$ 1,95 bilhão nas duas primeiras semanas de junho, o que elevou o saldo positivo acumulado neste ano para US$ 10,514 bilhões.
ZONA PERIGOSA
O analista técnico da MyCap (home broker da corretora Icap), Raphael Figueiredo, vê o patamar dos 62 mil pontos como um "ponto perigoso" para a Bolsa de Valores doméstica.
Caso o índice Ibovespa passe a oscilar abaixo desse nível de preços, o mercado pode entrar num período de quedas, já em direção aos 60.800 pontos. "E caso o mercado perca esse "suporte", poderíamos ir para os 58 mil pontos", comenta.
O analista, no entanto, nota que a média de negócios ficou mais estreita durante a trajetória dos 64 mil para os 62 mil pontos. Esse comportamento do mercado pode indicar que a massa de investidores que optaram pela ponta de venda não está com tanto força. Há chances, portanto, de recuperação.
"Se o mercado começar a voltar, com um pouco mais de volume [financeiro], pode ir buscar os 63 mil pontos, e logo acima disso, os 64 mil pontos, até podendo mudar de tendência", acrescenta.
Na análise técnica, também chamada de análise gráfica, o especialista se baseia em projeções no comportamento passado do mercado, espelhado nos gráficos das cotações diárias e semanais das Bolsas, para rastrear as tendências.
Esse tipo de profissional procura definir os pontos críticos (os níveis de preços) onde a Bovespa pode parar de cair, ou de subir, para experimentar uma mudança na tendência predominante, de baixa ou de alta.
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