Decisão da Bolívia em legalizar carros roubados incentiva violência em MT
A decisão do governo boliviano em legalizar veículos sem documentação regular, resultado de contrabando ou roubo, de países vizinhos, deve gerar um clima de hostilidade entre os povos instalados na fronteira do Brasil, através da região de Cáceres, no Oeste de Matgo Grosso. A medida foi criticada por várias autoridades do setor de segurança. A começar pelo juiz Geraldo Fidelis. Ele tratou o assunto como sendo “falta de ética com os países irmãos”. O delegado Alex Cuiabano, observa que “irá dificultar o relacionamento entre as autoridades de segurança na fronteira”.
A lei que legaliza os carros contrabandeados ou roubados que circulam na Bolívia foi promulgada pelo presidente Evo Morales, na última quinta-feira. Os “proprietários” terão prazo de 15 dias, para o registro legal dos carros sem documentação. O processo custará entre US$ 2.000 (R$ 3.164) e US$ 3.000 (R$ 4.746) por veículo para o interessado. A estimativa divulgada pelo governo é de que haja cerca de 10 mil carros nessas condições e que a adesão ao processo de legalização gere uma arrecadação aproximada de US$ 5 milhões (R$ 7,9 milhões) aos cofres públicos.
Na avaliação do juiz Fidelis, a decisão do governo boliviano, irá estimular ainda mais a violência na região. “É uma falta de ética com os países irmãos. O governo boliviano deveria buscar o diálogo com as autoridades dos países vizinhos antes de tomar essa decisão. Uma infeliz idéia que irá estimular ainda mais a violência” assinala. No entendimento do delegado de polícia Alex de Souza Cuiabano “essa medida, além de incentivar a violência irá dificultar ainda mais o relacionamento entre as autoridades da fronteira, tanto do Brasil quanto da Bolívia” diz acrescentando que “crime é crime em qualquer lugar que ele seja cometido”.
Para o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Ney Pedroso da Silva, mesmo que os veículos contrabandeados ou roubados sejam legalizados pelo governo boliviano, se atravessarem do lado brasileiros eles serão apreendidos. “Do lado brasileiro vai valer a nossa legislação. Se checarmos e der que são produtos de ilícitos no Brasil serão apreendidos imediatamente” afirmou lembrando que, somente, na província de San Matias, a previsão é de que existam mais de 100 veículos roubados ou contrabandeados do Brasil.
Embora o Governo boliviano estime que existam no país 10 mil veículos nessa situação, a iniciativa privada, acredita na existência de até 120 mil veículos irregulares na Bolívia. Os carros roubados ou contrabandeados para a Bolívia são usados como moeda de troca no tráfico de droga no mundo do crime. Os carros roubados ou tomados de assalto a mão armada no Brasil, retornam em forma de cocaína, através da fronteira. Cáceres é considerada um dos principais corredores do narcotráfico do país.
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