Os rebeldes avançaram nesta quarta-feira no caminho em direção a Trípoli ao tomar o controle de duas localidades no oeste da Líbia, onde a Otan está convencida de poder concretizar sua missão sem tropas terrestres, após dois meses e meio de intervenção militar.
Em Trípoli, duas potentes explosões sacudiram na terça-feira à noite o centro da cidade, após três dias de pausa nos bombardeios da Otan.
Nesta quarta-feira, o comandante das operações da Aliança Atlântica, general Charles Bouchard, estimou que a Otan pode terminar sua missão na Líbia sem recorrer às tropas terrestres e garante que a situação militar no oeste do país transcorre "muito positivamente".
Os rebeldes se apoderaram de Zawit al Bagul e Al Lawanya, na estrada de Yefren (oeste), controlada pela rebelião e situada a 80 km de Trípoli, segundo um correspondente da AFP. Na véspera tomaram o controle de Al Rayayna.
Há três dias, os rebeldes avançam do leste de Zenten em direção a Yefren, duas localidades a sudoeste de Trípoli com 30 km de distância entre si. Seu objetivo é arrebatar dos partidários do coronel Muamar Kadhafi os povos situados nas duas cidades.
Em Zawit al Bagul, os rebeldes patrulhavam nesta quarta-feira as ruas, registrando as casas que estiveram ocupadas pelas forças de Kadhafi.
A Otan afirmou ter realizado na terça-feira operações na região de Yefren, alcançando um veículo SUV equipado com metralhadora.
As conquistas da rebelião não são apenas militares, mas também diplomáticas, com o reconhecimento por Canadá e Panamá de seu órgão político, o Conselho Nacional de Transição (CNT) como "representante legítimo" do povo líbio, e a Turquia se declara disposta a fazer o mesmo se for solicitado. Por enquanto, 15 países reconheceram a rebelião.
Mas quatro meses após o início da revolta na Líbia, surge a dúvida sobre se a Otan possui meios militares suficientes para completar sua missão caso ela se prolonge por muito tempo.
A porta-voz da Aliança Atlântica, Oana Lungescu, tentou dissipar nesta terça-feira as dúvidas afirmando que estava "claro" que existiam os meios necessários para "manter a pressão" sobre Kadhafi, no poder há 42 anos.
Nos Estados Unidos, o presidente da Câmara de Representantes, John Boehner, advertiu Barack Obama sobre o risco de uma eventual prolongação das operações militares americanas na Líbia sem a autorização do Congresso.
No Canadá, um dos países mais envolvidos nas operações da Otan, os deputados aprovaram a prolongação durante três meses das operações militares de seu país no âmbito da missão da Aliança Atlântica na Líbia.
A Otan assumiu o comando no dia 31 de março da intervenção internacional na Líbia, sob a égide da ONU, para proteger a população civil, cujo movimento de protesto foi reprimido a sangue e fogo, embora vários políticos ocidentais tenham reconhecido que seu objetivo era a renúncia de Kadhafi.
Segundo a ONU, o conflito na Líbia já deixou, desde 15 de fevereiro, entre "10 e 15 mil" mortos e quase um milhão de desabrigados.
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