Chanceler italiano responsabiliza Lula pela libertação de Battisti
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido o responsável pelo ex-ativista italiano Cesare Battisti não ser extraditado para a Itália, disse nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores do país, Franco Frattini.
"Quem errou foi única e exclusivamente o [ex-]presidente Lula, que cometeu um erro gravíssimo", disse Frattini à TV estatal italiana.
O ministro disse que o governo italiano vai apresentar argumentos jurídicos claros à Corte Internacional de Haia, onde pretende recorrer da sentença do STF.
A liberação de Battisti no dia 8 de junho provocou duras reações das autoridades e de familiares de vítimas de extremismo na Itália.
ETAPA
Antes de levar o caso à Haia, o governo italiano pretende recorrer ao Comitê de Reconciliação até o dia 25 de junho.
O comitê foi criado com base no tratado entre Itália e Brasil assinado em 1954 e tem um prazo de quatro meses para emitir um parecer sobre o caso.
Se este não for aceito, o governo italiano poderá então entrar com recurso na Corte Internacional.
"Levaremos argumentos claros, a partir da evidente violação do tratado bilateral", disse o chanceler italiano.
DECISÃO POLÍTICA
Franco Frattini negou que a decisão brasileira possa ter tido relação com uma fraca influência da Itália no atual cenário político internacional.
O ministro defendeu o governo italiano, acusado de não ter feito pressão junto às autoridades brasileiras.
"Este caso não devia ser resolvido com pressões políticas mas sim no respeito pelo direito internacional e do Tratado Itália-Brasil", disse.
"Talvez outros países estejam acostumados a fazer frequentes pressões políticas. Nós não."
O ex-ativista político foi condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana, acusado de participação em quatro assassinatos entre 1977 e 1979, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo. Ele nega as acusações.
O italiano chegou ao Brasil em 2004, após viver por mais de dez anos na França. Em 2007, foi preso no Rio de Janeiro e ficou detido em um presídio de Brasília até a semana passada, quando foi solto após decisão do Superior Tribunal Federal.
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