“Tem malandro em todo lugar, até lá no Dnit”, ironiza cacique Megaron
O cacique Megaron Txucarramãe, da etnia Kayapó, maior líder indígena da região Norte de Mato Grosso, rebateu hoje, em entrevista ao Olhar Direto, as acusações do diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luis Pagot, que teria dito existir malandro em todo lugar, até no Parque Nacional do Xingú. “Igual o Pagot disse, que tem malandro em todo lugar, eu digo: tem malandro em todo lugar sim, até no Dnit”, disparou Megaron.
O líder indígena disse estar muito magoado com o diretor do Dnit, já que, segundo o cacique, além do Dnit supostamente estar em débito com os índios, considerava Pagot como amigo. “Eu tinha grande amizade por Pagot, mas fiquei muito triste com a entrevista dele e agora ele é meu inimigo, de todos os índios aqui do Xingú”, falou Txucarramãe.
Segundo Megaron, o Dnit estaria não teria cumprido integralmente o acordo para compensar aldeias indígenas, por causa da construção da BR-163, entre o Nortão de Mato Grosso e Santarém, no Pará. “O acordo era para 67,5% do dinheiro para algumas aldeias e 32,5% para mais três aldeias e estas não receberam nada”, apontou o cacique.
“Índio vai fechar a BR-163 se Dnit não cumprir acordo. Hoje à tarde já tem reunião para acertar que dia vai ser o trancamento da rodovia”, anuncia Megaron Txucarramãe.
Dezenas de índios fizeram manifesto, esta semana, no município de Colíder (650 km de Cuiabá) – onde fica uma regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) – cobrando a liquidez do acordo. Eles índios também reivindicam que o governo do Estado mantenha as políticas indígenas ligadas à Secretaria da Casa Civil e não ao vice-governador Chico Daltro. Segundo eles, há um projeto em tramitação mudando a competência para a vice-governadoria.
O Dnit informou, por meio de nota oficial, que o acordo já foi cumprido.
“Tendo em vista a manifestação de índios Kaiapós para obtenção de novos recursos em função da implantação da BR-163, a diretoria geral do Dnit esclarece que os acordos firmados com a Fundação Nacional do Índio – Funai estão sendo cumpridos. Acrescenta, ainda, que os recursos foram repassados à Funai. Entre as condicionantes atendidas, foram alocados recursos para veículos, equipamentos diversos, rádios-transmissores e botes de alumínio com motor de popa”, relata a nota.
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