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Política
Sábado - 18 de Junho de 2011 às 08:17
Por: Téo Meneses

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Os vereadores Gerson Frâncio "Jaburu" (PSB), Chagas Abrantes (PR) e Roseane Amorim (PSB) estão presos por tentar extorquir R$ 500 mil e ameaçar o grupo do prefeito Chicão Bedin (PMDB), de Sorriso (a 420 km de Cuiabá). As prisões ocorreram no início da manhã de ontem após A Gazeta revelar os crimes através de uma série de reportagens, o que levou também para trás das grades a empresária Filomena Abrantes, esposa do vereador Chagas e proprietária da TV Sorriso (afiliada da Record no município). As medidas fazem parte da operação "Decoro" e podem atingir pelo menos outros 2 parlamentares da cidade.

Todos os 4 foram presos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), por volta das 7h, quando ainda estavam em suas residências. A ação causou grande alvoroço na cidade que é conhecida pelo potencial econômico movido pelo agronegócio. A prisão é preventiva (sem prazo para expirar) e atende determinação da juíza Nilza Maria de Carvalho diante do pedido do Ministério Público Estadual (MPE).

Os mandados de prisão foram expedidos depois de recebida denúncia contra todos os acusados, o que permitirá o julgamento de Jaburu, Chagas, Roseane e Filomena pelos crimes de formação de quadrilha e concussão (exigir vantagem indevida por conta da função). Juntos os crimes têm penas previstas de 3 a 11 anos de reclusão.

Depois de presos, cada um dos denunciados seguiu em um carro do MPE para o Gaeco, em Cuiabá. Foram ouvidos por toda a tarde, fizeram exame de corpo de delito e seguiram no início da noite para a Polinter.

A vereadora Roseane foi a primeira a chegar à sede do Gaeco às 12h20. Acompanhada por 2 agentes, ela carregava apenas uma sacola de papel com roupas e declarou à imprensa que não teme as investigações. "Quem não deve não pode temer. Estou aqui e vou provar que isso não tem nada a ver".

Chagas chegou pouco tempo depois, por volta das 12h40. Tentando demonstrar tranquilidade, foi o que mais falou com jornalistas. Alegou nunca ter cobrado propina ou ameaçado o secretário de Indústria e Comércio de Sorriso, Santinho Salerno, que denunciou a extorsão ao MPE e acusou o ex-presidente da Câmara de desviar dinheiro para publicidade da Câmara em benefício próprio e da TV da esposa.

Sobre as gravações que A Gazeta revelou no dia 29 de março, Chagas alegou que o vídeo teria sido editado por assessores do prefeito Chicão Bedin. "As gravações não me comprometem em nada. Aquilo é uma aula de honestidade da minha parte", completou o parlamentar, que alega que a conversa seria na verdade uma tentativa de Santinho em comprar apoio político antes da reprovação das contas de Bedin referentes a 2010. A votação ocorreu em fevereiro e já foi anulada por determinação judicial.

Sobre a acusação de ameaça feita no programa de TV que apresenta em Sorriso, Chagas garante apenas ter pedido para Santinho se sensibilizar com a repercussão das denúncias. "Pedi a ele apenas para ter cuidado porque, assim como ele, eu tenho filhos. Não era uma ameaça. Era um pedido".

Filomena chegou ao Gaeco logo após o marido, por volta das 13h. Ela se recusou a falar com a imprensa, assim como fez Jaburu, que só chegou às 14h10. Ele é o que mais aparece nas gravações encaminhadas ao MPE. Conforme A Gazeta já havia revelado, o parlamentar foi flagrado cobrando propina de R$ 40 a R$ 500 mil. Também pede uma casa em nome da vereadora Roseane e chega a citar outros 2 vereadores que estariam ligados ao esquema de venda de apoio. O MPE, no entanto, informou que eles só terão os nomes divulgados se confirmadas as denúncias.

Chefe - O promotor de Justiça Sérgio Silva da Costa afirmou ontem que Chagas Abrantes era o líder do esquema. "Ele usava os vereadores Gerson Frâncio e Roseane para atingir seus objetivos sem aparecer na linha de frente cobrando dinheiro em troca de apoio". Em uma das conversas, o parlamentar presencia Jaburu pedindo dinheiro para Santinho Salerno. Também impõe ao município pagamento de até R$ 10 mil em forma de anúncios na emissora da esposa.

Sérgio Silva participou de uma coletiva para falar do assunto ao lado do promotor Arnaldo Justino, do procurador de Justiça Paulo Prado, que também compõem o Gaeco, e o procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Marcelo Ferra.

Pizza - Quase 2 meses depois de estourado o chamado escândalo da propina, a Câmara Municipal de Sorriso ainda não adotou ainda nenhuma providência para investigar os parlamentares denunciados formalmente pelo MPE. O presidente Luiz Fábio Marchioro (PDT) afirma que isso se deve à composição do Legislativo, já que os 5 acusados equivalem à metade do Legislativo e presidente e vice não podem compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aprovada em abril.

Com a prisão, o presidente já admite que a partir de segunda-feira (20) serão adotadas providências que poderão, inclusive, levar à cassação de Chagas, Roseane e Jaburu. Ele pedirá mais uma vez informações do MPE sobre o caso, já que tem conhecimento das denúncias apenas através da imprensa. Também vai colocar em discussão a tão prometida nomeação dos membros da CPI.

Lamentações - O prefeito Chicão Bedin lamentou a prisão dos parlamentares, apesar deles pertencerem à oposição. Evitando polemizar o assunto, ele frisou ainda que a prefeitura é responsável pela gravação dos vídeos.

O promotor Sérgio Silva ressaltou também que, por não se tratar de uma conversa telefônica, não precisou de autorização judicial e a mesma já foi considerada legítima pela juíza Nilza Maria de Carvalho.

ACP - O procurador Paulo Prado afirmou ontem que o promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour Cesar já estuda propor ação civil pública contra os parlamentares, o que poderá levar à perda de cargos públicos, pagamento de multas e perda dos direitos políticos. A denúncia recebida pela Justiça tramita na esfera penal.

Defesa - O advogado Ulisses Rabaneda promete recorrer para livrar da prisão Chagas e Filomena Abrantes. "Mas vamos colher todas as informações antes de tomar qualquer medida". O advogado Joe Ortiz Arantes ainda avalia a situação de Jaburu e Roseane para decidir o que fazer.






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