Índios querem compensação por conta das obras da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará
Megaron rebate Pagot e diz que malandro "tem até no DNIT"
Em uma carta enviada ao site Sonotícias, de Sinop, na sexta-feira (17), o índio Megaron Txucarramãe rebateu o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, que, em declarações polêmicas, comparou índios a malandros.
Para ele, Pagot foi "infeliz" ao dizer que "malandro tem em qualquer lugar, inclusive no Parque Nacional do Xingu".
Megaron expôs que os índios da região não estão incluídos na manifestação ocorrida, nesta semana, em frente à sede da Prefeitura de Colíder (650 km ao Norte de Cuiabá), cobrando pagamento de compensações por conta das obras da BR-163, do Nortão a Santarém (PA), e que, segundo ele, causarão impacto no Parque do Xingu.
"Com relação ao valor de R$ 6 milhões que o DNIT diz ter sido repassado posteriormente, Pagot vai ter que esclarecer para quem foi repassado. E queremos a confirmação da Funai se isso realmente foi disponibilizado e como foi gasta esta verba. Afinal, como já foi citado, malandro tem em todo lugar, inclusive no DNIT", afirmou Megaron, na carta enviada ao site.
Segundo ele, a manifestação criticada por Pagot teve o objetivo de solicitar esclarecimentos ao DNIT sobre o recurso do Plano Básico Ambiental da BR-163, que não estariam sendo repassados às aldeias Kororoti, Omeikrãkum e Kakãkubem, conforme acordo firmado.
Megaron lembrou que, em 2009, em reunião na Funai, em Brasília, na qual estavam representantes do DNIT e líderes da aldeia Kubenkokre, foi decidido o repasse de R$ 1 milhão relativos à compensação ambiental pela pavimentação da BR-163, entre Cuiabá e Santarém (PA).
Desse montante, 67,5% seriam destinados à aldeia Kubenkokre e o restante, para as aldeias que tiveram origem a partir dela, que são Kororoti , Omeikrãkum e Kakãkubem, situadas ao sul da terra indígena Mekragnoti.
"É isso que nós queremos saber: por que não está sendo cumprido tal acordo pelo presidente (sic) do DNIT?. Não queremos saber dos R$ 13 milhões que ele cita na entrevista. Isso não tem nada a ver com essas aldeias que estão se manifestando. Elas não terão beneficio algum desse montante e também não temos a informação se estas aldeias estão realmente recebendo tais recursos. Isso tem que ficar bem claro", observou o líder indígena, no documento.
Veja a íntegra da carta aqui.
Na entrevista, Pagot expôs que o DNIT e a Funai cumpriram os acordos, repassando R$ 19 milhões para obras de estradas no parque, compra de ambulâncias, microônibus, barcos, motores e ações que foram feitas no parque do Xingú.
Ele também firmou que o DNIT "não deve nada" para os índios. Na entrevista, disse sem citar nomes, Pagot afirmou: "Malandro tem em qualquer lugar, inclusive no Parque Nacional do Xingu.
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