8 em 10 pessoas consideram mudar de emprego em 2011
Na sala de espera lotada, dezenas de profissionais esperam a vez para a rescisão do contrato -muitos com novas oportunidades à vista. "Mandei meu currículo e três dias depois estava contratada com muitos benefícios", conta Ricarda Goldoni, 42, que recebeu proposta melhor em sua primeira investida.
Isadora Brant/Folhapress |
Fernando Souza, 34, engenheiro da empresa Rossi Residencial |
Até quem não tem emprego em vista, como Raphael Monje, 24, pede demissão.
"Ainda não sei onde vou trabalhar, mas estava infeliz na empresa e sei que consigo algo fácil", afirma ele.
O panorama de entra e sai de funcionários nas corporações não está restrito ao setor de TI. No Brasil, 8 em 10 profissionais consideram a chance de mudar de emprego neste ano, segundo pesquisa da consultoria Hays com 2.200 pessoas, obtida com exclusividade pela Folha.
"Os números são expressivos e refletem o cenário de oportunidades que existem no mercado", pondera Luiz Valente, presidente da Hays.
"Turnover" provoca inflação de salários
"São cem vagas abertas todos os meses que eu não consigo preencher." É quase em tom de desabafo que o empresário Antonio Rossi, presidente do grupo de tecnologia WA, acrescenta: "A taxa de rotatividade chega a 15%".
Tecnologia da informação é mais um entre os setores com alta rotatividade no Brasil. As áreas de relações com investidores e de construção civil também vivem uma guerra por profissionais, em que vale mapear a concorrência e oferecer propostas tentadoras para atraí-los.
"Os canteiros estão a pleno vapor e a tendência é a necessidade de mais e mais mão de obra", assinala Haruo Ishikawa, vice-presidente de Capital-Trabalho do SindusCon-SP (sindicato da construção civil de São Paulo). Segundo ele, há no país um deficit de 320 mil trabalhadores qualificados nessa área.
O coordenador de obras da construtora Rossi, Fernando Souza, 34, conhece bem a rotatividade do setor. Desde que concluiu o ensino superior, em 2000, passou por cinco empresas do segmento.
Neste ano, no entanto, o profissional bateu seu recorde de permanência em uma construtora: três anos e meio. "Agora não saio mais porque estou nessa função há apenas um ano e tenho muito o que crescer", considera ele, que teve aumento de 25% no salário e está prestes a tornar-se pai pela primeira vez.
Salário maior
"A falta de mão de obra qualificada inflaciona salários e aumenta a rotatividade", diz Luiz Valente, da Hays.
Um gerente administrativo-financeiro com experiência de seis a dez anos, por exemplo, tem salário médio mensal de R$ 12 mil. Um da área de relações com investidores -que luta contra a carência de profissionais- recebe R$ 22 mil por mês, em média, segundo estudo da Hays.
Formada em letras e com MBA em relações com investidores, Sandra Matsumoto, 38, está na área há oito anos.
"Há muitos investidores estrangeiros querendo fazer negócios com empresas brasileiras; é preciso alguém que saiba atendê-los", indica ela, que é gerente da Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos).
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