Presos fazem servidor refém por 9h em Sinop
Mantido como refém por 9 horas, o agente prisional Luiz Fernandes Pires foi liberado sem ferimentos por 3 detentos do presídio Osvaldo Florentino, conhecido como Ferrugem, em Sinop (500 km ao norte de Cuiabá). Os presos Jeferson Manoel Dias, Juliano Rodrigo Pereira e Carlos Rodrigues da Silva estavam no isolamento e se rebelaram durante o café da manhã, por volta das 8h.
O agente prisional foi rendido quando entregava a alimentação dos criminosos, que estavam armados com chuços e pedaços de ferro. Os 3 presos pediam revisão processual e transferência para o município de Nova Mutum (264 km ao norte da Capital), conforme a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado (Sejudh).
Presidiários, Polícia Militar e Justiça entraram em um acordo por volta das 17h. A negociação foi feita com apoio do coronel da PM, Adriano Denardi, e o juiz Mario Machado, que se comprometeu em analisar os processos e tomar as medidas cabíveis na Lei.
Embora tenham levado o dia todo para chegar a um acordo, o coronel Denardi afirma que o motim foi tranquilo. Somente o primeiro momento foi de maior tensão. "Chega uma hora que os presos não têm mais o que fazer e se entregam".
Após ser liberado, o agente prisional foi encaminhado para uma unidade de saúde para receber atendimento médico, enquanto os 3 amotinados foram conduzidos para A delegacia de Sinop.
Assim como as outras unidades prisionais de Mato Grosso, o presídio Ferrugem sofre com a superlotação. A penitenciária tem capacidade para 327 presos e atualmente abriga 628 reeducandos. O motim desta segunda-feira não é o primeiro incidente do ano no local.
No último dia 16, cerca de 15 aparelhos de telefone celular, carregadores, baterias, 29 serras quebradas, 3 chaves michas, uma faca e 4 chaves de algemas foram encontrados durante uma revista de rotina.
Em abril, presos da cela 4 se rebelaram durante uma revista que apurava a denúncia da existência de um túnel no local. No momento em que eram retirados da ala, os detentos tentavam quebrar a cela. A situação foi controlada pela PM, que efetuou disparos com armamento não letal, mas o reeducando Douglas Henrique Barbosa da Rocha foi ferido e encaminhado ao Pronto Atendimento. Na ocasião, não foi descoberto plano de fuga.
Uma semana antes do incidente, a diretoria do presídio registrou a fuga de 27 presos por um túnel. Destes, 23 já foram recapturados, afirma o coronel Denardi. Poucos dias antes dos presos fugirem, a PM havia encontrado um túnel de 6 metros feito a partir da cela 4, do "raio amarelo", que seria usado para fuga de reeducandos.
No início do ano, o subdiretor da penitenciaria, Lucivaldo Vieira, foi preso sob acusação de ter facilitado a fuga de um suspeito de tentativa de estupro e homicídio, Pedro Daguetti, que recebeu autorização para limpar a área externa do presídio e fugiu. Depois de solto, o subdiretor mostrou que a autorização partiu do diretor Rudemar Sauer, que terminou exonerado do cargo.
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