Sarney cobra explicações do governo sobre sigilo em orçamento
Aliado do Palácio do Planalto, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cobrou nesta terça-feira explicações do governo sobre o orçamento sigilo de obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Depois de ter defendido ontem a derrubada do artigo da medida provisória aprovada pela Câmara que prevê o sigilo, Sarney disse hoje que o governo precisa explicar porque defende segredo para as obras dos dois eventos esportivos.
"Eu não entendo como se possa ter sigilo em uma obra e em outra obra pública não ter sigilo. Eu preciso ser explicado de quais são os motivos", disse. "Naturalmente, se o governo mandou nesses termos deve ter algum motivo, agora cada um de nós tem a sua opinião. Não vejo nenhuma diferença entre obras da Copa e qualquer obra pública."
Sarney negou que a reclamação seja uma afronta à presidente Dilma Rousseff. "Não acho que seja contra. Divergência de ideia não significa que seja contra. Estou divergindo de um projeto e das ideias."
O sigilo foi aprovado pela Câmara na semana passada. Conforme a Folha revelou, foi incluído por uma manobra de última hora na medida provisória que altera a Lei das Licitações e flexibiliza os contratos de obras e serviços dos dois eventos esportivos.
A mudança no texto tirou dos órgãos de fiscalização, como os tribunais de contas, o direito de consultar os orçamentos estimados pelo governo antes da escolha das empresas responsáveis pela execução dos projetos.
O presidente do Senado voltou a defender a derrubada na Casa da decisão de tornar secretos os orçamentos estimados pelo governo para os dois eventos esportivos. Sarney disse que não está convencido do argumento do Planalto de que o sigilo vai evitar, por exemplo, que as empresas combinem preço de licitação.
O senador afirmou que vai trabalhar para convencer os colegas para conseguir a retirada do sigilo. "Não vou aliciar ninguém. Minha posição de presidente do Senado é sempre posição de isenção, mas isso não me inibe de ter minha opinião. O meu ponto de vista é este [retirar o sigilo], mas a decisão é do Senado."
CARGOS
Questionado sobre as negociações do PMDB com o Planalto para a liberação de cargos de segundo e terceiro escalão, Sarney disse que o partido não pressiona para empregar afilhados.
"Acredito que essa é uma pauta que o PMDB já resolveu que não vamos tratar, essa que diz respeito a cargos. Eu pelo menos não participarei."
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