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Política
Quarta - 22 de Junho de 2011 às 19:20
Por: Andréa Haddad

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O plenário da Câmara de Tangará da Serra leva o nome do ex-vereador Daniel do Indea, assassinado em 2001
O plenário da Câmara de Tangará da Serra leva o nome do ex-vereador Daniel do Indea, assassinado em 2001

A instabilidade político-administrativa em Tangará da Serra (239 km a Médio-Norte de Cuiabá), com sucessivas alternâncias de prefeitos e cassações de vereadores, perduram há mais de uma década e remontam à gestão do ex-prefeito Jaime Muraro, hoje presidente do DEM no município. Em 17 de dezembro de 2002, ele e mais sete vereadores foram cassados por improbidade administrativa. Todos foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) por suposta participação no esquema de corrupção para a concessão dos serviços de água e esgoto do município.

Na época, o município ficou nas mãos da vice-prefeita em exercício, Ana Monteiro de Andrade, a Dona Ana. Devido aos sucessivos recursos no âmbito do Judiciário, ora favoráveis e ora contrários, ela e Muraro passaram a se alternar no comando do Executivo. Eleito por dois mandatos consecutivos, o gestor também deixou o poder sob acusação de desviar mais de R$ 2 milhões dos cofres públicos e fraudar licitações.

Assim como hoje, a instabilidade na prefeitura está diretamente relacionada às turbulências na Câmara, mergulhada no caos desde 7 de outubro de 1997, data em que o então vereador e ex-secretário de Obras, Alvari Teixeira, sofreu uma tentativa de homicídio. Ele levou um tiro de raspão na cabeça e outro nas costas quando chegava em casa. Na época, Alvari estava no segundo mandato consecutivo e era contrários à regulamentação do serviço de moto-táxi na cidade.

Menos de quatro anos depois, também na gestão de Muraro, o vereador Daniel Lopes da Silva, o Daniel do Indea, foi assassinado com dois tiros na cabeça e um no tórax, em 3 de julho de 2001, horas depois de posicionar-se contrário à concessão do serviço de distribuição de água em Tangará. O suplente dele, Luiz Antônio de Oliveira, o Peba, foi preso e condenado sob acusação de ser o mandante do crime na tentativa de ser beneficiado com a vaga de titular.

Em 2002, sete vereadores foram cassados sob acusação de envolvimento no esquema para aprovar a terceirização do serviço de água, que também acabou levando Muraro a ter a perda do mandato decretada. São eles: Antonio Calos da Silva, o Carlinhos da São Jorge, Francisco Pereira Filho, o Tito, Hélio José Schwaab, conhecido por Hélio da Nazaré, João Damas Neto, o Netinho, Águida Marques Garcia, Oracildo do Nascimento, o Banana, e Antonio Lopes Gonçaves, o Toninho Vaca Gorda, então presidente da Câmara. A vereadora Ana Casagrande conseguiu se livrar da condenação por ter renunciado ao cargo. Ela e Vaca Gorda chegaram a ficar presos por oitenta dias por suposta oferta de vantagens econômicas aos demais parlamentares envolvidos no esquema de corrupção denunciado pelo MPE.

Cenário atual

Decorridos nove anos, a Câmara passa por nova turbulência, também relacionada à instabilidade no Executivo. A Casa aprovou, com nove votos a favor, a abertura de uma Comissão Processante para investigar e emitir parecer pela cassação ou não dos mandatos do prefeito afastado Júlio César Ladeia, do vice em exercício, José Jaconias (PT), de quatro vereadores, Celso Ferreira (DEM), Genilson Kezomae (PR), Haroldo Lima (DEM) e Paulo Porfírio (PR), além do suplente Célso Roberto Vieira (PP). O progressista só será cassado se retornar ao Legislativo. Ele é o secretário de Turismo de Jaconias, mas na época dos fatos legislava em substituição a João Batista de Almeida, o João Negrão (PMDB), que integrava o staff de Ladeia.

Os quatro vereadores e o suplente são investigados por por tráfico de influência, improbidade administrativa e recebimento de propina para aprovar, em 2009, pela aprovação do projeto que terceirizou os serviços de saúde no município mediante a contratação da Oscip Idheas. Todos negam o envolvimento na suposta negociada, também denunciada pelo MPE por meio de ação civil pública. A promotoria acusa Ladeia de ser o "mentor" do suposto esquema que gerou prejuízos de até R$ 6 milhões aos cofres da prefeitura.

Quem compõe a Câmara de Tangará da Serra
Miguel Romanhuk (DEM) – presidente
Luiz Henrique Barbosa Matias (PTB) - vice-presidente
José Pereira Filho, o Zé Pequeno (PT) - primeiro-secretário
Genilson Kezomae (PR) - segundo-secretário
Paulo Porfírio (PR)
Roque Fritzen (PDT)
Celso Ferreira de Souza (DEM)
Melquezedeque Pereira Soares, o Zedeca (PMDB)
João Batista Neri de Almeida (PMDB)
Haroldo Ferreira de Lima (DEM)
 





Fonte: RD News

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