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Internacional
Quinta - 23 de Junho de 2011 às 08:34

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Num aguardado pronunciamento na noite desta quarta-feira, o presidente americano, Barack Obama, anunciou ter optado por acelerar a retirada de soldados no Afeganistão, e confirmou que ao menos 10 mil retornarão aos EUA ainda neste ano. Outros 23 mil devem encerrar sua participação na guerra até setembro de 2012.

Até então sabia-se dos planos de retirar ao menos 33 mil homens até o prazo final de 2012 mas as pressões dos congressistas e da opinião pública levaram o presidente a optar por uma saída mais rápida.

  Pablo Martinez Monsivais/France Presse  
Em aguardado discurso, Barack Obama confirmou que a retirada de soldados no Afeganistão será acelerada
Em aguardado discurso, Barack Obama confirmou que a retirada de soldados no Afeganistão será acelerada

Os EUA mantêm no total cerca de 100 mil militares em suas operações no país, iniciadas há quase dez anos.

"É hora de começar a focar no desenvolvimento de nossa nação", disse Obama após indicar que na última década os EUA gastaram mais de US$ 1 trilhão nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Logo no início do discurso, Obama relembrou os ataques terroristas de 11 de setembro 2001 e as estratégias quanto ao Iraque e o Afeganistão contra a Al Qaeda e o Taleban --e a data em que anunciou o envio de 30 mil militares ao Afeganistão no final de 2009 como um reforço adicional (movimento conhecido como "surge", em inglês).

Obama disse que o enfraquecimento da Al Qaeda, que "sofre enormemente, de acordo com os documentos encontrados na casa de Bin Laden", justifica a retirada dos militares.

  David Furst - 22.nov.08/France Presse  
Imagem de 2008 mostra soldados americanos durante operação na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão
Imagem de 2008 mostra soldados americanos durante operação na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão

O plano detalhado pelo presidente aponta que a volta dos 10 mil homens começa já no mês de julho, e termina até dezembro.

Os outros 23 mil devem voltar até setembro de 2012, enquanto o retorno total dos cerca de 100 mil soldados americanos no país deve ser completado até 2014 --quando a segurança será entregue integralmente ao governo afegão.

O presidente disse ainda que uma conferência de todos os membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) será realizada em maio de 2012 em Chicago, para acertar o fim das operações de todos os aliados no Afeganistão.

ATRITO

A decisão de Obama atende às demandas do Congresso --que rejeita os custos de até US$ 10 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões) por mês com as operações-- e da opinião pública, insatisfeita após dez anos de uma guerra impopular que já causou a morte de muitos jovens americanos.

No entanto, a decisão frustra o Pentágono, assim como outras alas no Congresso, que preocupam-se com os reflexos de segurança após uma retirada muito rápida.

O secretário de Defesa, Robert Gates, defendeu recentemente uma redução mais lenta, e manifestou a vontade de que os cerca de 33 mil ficassem em solo afegão ao menos até o fim do prazo, em 2012.

Os chefes do Pentágono temem que uma desocupação rápida demais reverta os avanços obtidos pelos EUA contra a insurgência do Taleban no Afeganistão, que atualmente tem grande força.

O estado das finanças americanas também é um fator considerável no atual cenário do país. Mais cedo nesta quarta-feira, Ben Bernanke, presidente do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA), confirmou que a economia se recupera de forma mais lenta do que o esperado.

BIN LADEN E AL QAEDA

A morte de Osama bin Laden, o chefe da Al Qaeda, no dia 1º de maio, e o consequente enfraquecimento da rede terrorista ressalta para alguns o cumprimento do principal objetivo das operações iniciadas pelo ex-presidente George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001.

No último domingo (19), fontes ouvidas pelo jornal "The New York Times" indicaram que 20 dos 30 principais dirigentes da organização na região foram abatidos no último ano.

A tese da maioria dos congressistas, segundo analistas, é de que o país não pode mais arcar com operações para a estabilização do Afeganistão, e que só há justificativa para manter um pequeno contingente cujo objetivo é conter os avanços da Al Qaeda.

TALEBAN

Também no domingo (19), o secretário da Defesa, Robert Gates, admitiu que os EUA vêm realizando conversações preliminares com o Taleban no Afeganistão --numa clara indicação de que uma saída diplomática já é buscada com o principal inimigo das tropas americanas no país.

"Penso que há um esforço para discutir [com o Taleban] da parte de vários países, incluindo os Estados Unidos. Eu diria que estes contatos são muito preliminares neste momento", disse Gates em entrevista à rede de TV CNN.

No sábado (18), o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, foi o primeiro dirigente de alto nível a confirmar oficialmente as conversações diretas entre Washington e os insurgentes afegãos, depois de um confronto de quase dez anos.

"As conversações se desenvolvem bem", declarou Karzai durante conferência em Cabul. No dia, os EUA não quiseram negar ou confirmar o diálogo, dizendo apenas que mantêm ampla faixa de contatos no país. 






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