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Nacional
Sábado - 25 de Junho de 2011 às 07:48
Por: Amanda Polato e Marina Novaes,

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Franklin de Freitas/AE 18.06.2011
No sábado (17), Marcha da Liberdade reuniu jovens em várias cidades do país. Na foto, protesto em Curitiba, no Paraná
No sábado (17), Marcha da Liberdade reuniu jovens em várias cidades do país. Na foto, protesto em Curitiba, no Paraná

Um levantamento divulgado na última semana pode acender uma “luz vermelha” nos partidos políticos do Brasil. De acordo com o estudo “Sonho Brasileiro”, realizado com cerca de 3.000 pessoas de 18 a 24 anos em 23 Estados, 59% dos brasileiros não têm preferência por uma legenda, embora a maioria dos jovens demonstre preocupação com causas coletivas.

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) obtidos pelo R7 mostram que o número de jovens ligados a partidos também não evoluiu nos últimos quatro anos. Em 2007, dos 11,6 milhões de eleitores filiados a partidos, 552,7 mil tinham idades entre 16 e 24 anos (4,5% do total). Já em 2011, entre 13,9 milhões de agremiados, apenas 442,1 mil declararam pertencer a essa faixa etária (3,1% do total) – os números, porém, podem variar, já que alguns eleitores deixaram de informar suas idades.

Para o pesquisador Gabriel Milanez, da agência Box1824, que fez o estudo em parceria com o instituto Datafolha, não é possível apontar apenas uma causa para essa falta de identificação com o sistema político atual, embora seja evidente que “os jovens se sentem cada vez menos representados pelos partidos existentes”.

O coordenador do Observatório Jovem, grupo de pesquisa da UFF (Universidade Federal Fluminense), Paulo Carrano, avalia que é difícil apontar uma mudança de comportamento, pois quase não há pesquisas das décadas passadas para se comparar. Para ele, é errado afirmar que os jovens não se interessam por política partidária, mas é possível entender porque muitos decidem defender suas bandeiras por conta própria.

- Os jovens se vinculam mais a causas e ideias, especialmente àquelas em eles podem participar diretamente, controlar de maneira mais ‘horizontal’ e menos hierarquizada que em instituições. A adesão a partidos significa um gasto de tempo, a tomada de uma posição em termos de adesão a um programa institucional que nem sempre se compreende, já que os partidos prometem uma coisa e fazem outra.

Outro ponto que dificulta a filiação é a dificuldade em atingir as “estruturas de decisão” das legendas, diz Carrano. Além disso, o estudioso lembra que os jovens nem sempre têm apenas uma bandeira a defender, o que torna ainda mais difícil encontrar um partido que reúna tudo o que ele procura.

- Temos hoje movimentos fortes em setores populares, como a juventude negra, os movimentos de periferia. Não tínhamos nada parecido com isso no passado. [...] As pesquisas mostram que há mais hibridismo hoje em termos de engajamento e envolvimento que em outros tempos. [...] Há um fluxo maior, novas formas de participar [politicamente].

De acordo com Milanez, essa multiplicidade de causas mostra aos jovens que é possível fazer política sem pertencer a partidos.

- As causas e os atores se multiplicaram, se fragmentaram. Antes, a gente tinha um pensamento de transformação muito pautado por políticas e grandes nomes, mas hoje, temos uma ideia de que as causas e os atores são múltiplos. Começa a se fortalecer a ideia de que política pode ser construída no dia a dia, por outras vias.

Segundo a pesquisa, os jovens também partilham da opinião de que a maior parte dos políticos se afastou das bandeiras coletivas para correr atrás de seus interesses pessoais. Além disso, 83% – ou 8 em cada 10 jovens – disseram que os problemas mais graves do Brasil estão diretamente ligados à concentração de poder nas mãos de poucos.

Outro ponto que facilita o engajamento “independente” é a internet. De acordo com o estudo, 71% dos entrevistados consideram que a mobilização via web é um jeito de fazer política. Um exemplo disso foram as passeatas e protestos realizadas nos últimos meses no país, como a Marcha da Liberdade e a Marcha das Vadias (contra a violência e o preconceito contra mulheres), promovidas pelas redes sociais.


 





Fonte: Do G1

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