Hospitais públicos da região Sul de MT não têm mamógrafos
No Brasil são 1.541 mamógrafos, dos quais 85% estão em funcionamento. No Centro-Oeste, são 121 equipamentos, com 97 em uso. O preconizado pelas organizações de saúde é um mamógrafo para 240 mil habitantes, sendo assim, o Sul do Estado sai perdendo novamente no quesito investimento em Saúde na área de exames preventivos ao câncer de mama, que é classificado entre os que mais matam mulheres no país. As consequências disso são: mais mulheres falecendo vítimas de câncer e a elevação do número de pacientes na fila de espera por exame, ultrapassando três mil mulheres na Regional, das quais 1,7 mil residem em Rondonópolis.
A pesquisa mostra ainda que 91% das brasileiras avaliam os exames como bons ou muito bons, o que não difere em Mato Grosso e a maioria de suas cidades. "O nosso problema não é a qualidade dos exames e sim a quantidade que é baixa. O aparelho do Hospital Regional sempre tem problema. Ele funciona, em média, um mês e fica estragado dois meses", descreveu Rosângela. Segundo ela, a regulação desses exames está sendo feita para Cuiabá, mas como a Capital distribui poucas vagas para todo o Estado, o tempo de espera é grande. "A média de autorização dos exames é muito baixa. Hoje não temos alternativa para a Região".
É importante ressaltar que Rondonópolis não compõe mais o Consórcio de Saúde, por isso o município busca alternativa para atender os pacientes de sua rede. Sendo assim, a Secretaria Municipal de Saúde terceirizou o serviço junto a uma clínica local, o que aumenta o custo para o poder público, comparado a realização de exames por um equipamento próprio. Mesmo adotando essa alternativa, o número de exames contratados é pouco diante das prescrições médicas de mamografia.
O médico mastologista da Clínica de Oncologia da Santa Casa, Renato Menegaz, disse que a fila de espera cresce a cada dia. "A falta de mamógrafos do SUS é preocupante. Se peço hoje um exame de mama terei o retorno dessa paciente somente daqui a um ou dois anos. Demora muito", disse o mastologista. "Esse longo tempo é o suficiente para um caso inicial de câncer de mama evoluir para um caso grave", lamentou ele.
Para Menegaz, o Estado deve despertar a consciência para a realização de mutirões de busca ativa de câncer de mama por meio de ações planejadas junto aos PSFs nos bairros. "Hoje atendemos quem procura um médico porque já suspeita da doença, quem apresenta um nódulo ou aquelas mulheres que se preocupam e fazem o exame anualmente. Ocorre que o exame anual não fica pronto com rapidez. O Estado tem que investir nos programas de prevenção de câncer de mama, identificando os casos precocemente, pois assim reduz os gastos com tratamento e internação das pacientes", alertou ele.
Outro lado
A diretora geral do Hospital Regional de Rondonópolis, Rosana Zucato, explicou que a unidade não é referência em exames de mamografia, sendo que passou a realizar os exames em outubro de 2010 após ganhar da iniciativa privada o aparelho. "Ganhamos o mamógrafo e como tínhamos espaço e recursos humanos, não havia motivo para não realizar no Regional os exames. Somos parceiros sempre que possível, mesmo quando não é nossa referência".
O secretário Municipal de Saúde, Valdecir Feltrin, também foi procurado, mas o celular encontrava-se desligado.
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