Dupla monitorava policiamento em áreas de crimes
Policiais tinham dupla atuação em quadrilha de assalto a caixa eletrônico
Novas investigações mostram que os policiais militares Elson Luis da Silva Moraes e Reverton Nobres da Silva, presos na operação "Balista" deflagrada pela Polícia Federal, atuavam diretamente em furtos, roubos e arrombamentos de caixas eletrônicos.
Eles e outros 16 presos na operação participam nesta segunda e terça-feira da audiência de instrução e julgamento pelos crimes de formação de quadrilha, roubo e posse irregular de arma de fogo e munições.
As sessões ocorrerão no Fórum de Várzea Grande e serão presididas pelo juízo da 2ª Vara Criminal. Trinta e cinco testemunhas devem ser ouvidas. Diante da periculosidade dos réus, a Polícia Federal e a PM montaram um forte esquema de segurança.
Inicialmente, os policiais eram apontados como responsáveis por oferecer apoio à quadrilha liderada pelos irmãos Genivaldo de Souza Machado, Genildo de Souza Machado e Gilmar de Souza Machado. A primeira denúncia contra Elson e Reverton afirma que eles monitoravam o policiamento nas áreas em que ocorreriam os crimes, alertavam a quadrilha, além de auxiliar o bando no transporte de drogas e aquisição de armas.
Porém, novas investigações, que resultaram em um Termo de Aditamento à denúncia, mostram que os PMs atuaram diretamente em pelo menos 4 crimes entre os meses de fevereiro e março de 2011. Na nova denúncia, também são citados Edinho Rodrigues de Macedo, Vagner Souza Silvestre, Fábio de Jesus Barbosa Júnior, Genivaldo, Michael Queiroz de Araújo e Jéssica Ramos de Arruda.
Conforme o Ministério Público, as novas descobertas ocorreram por conta da quebra do sigilo telefônico dos acusados e foram confirmadas por Vagner durante depoimento. As gravações mostram que no dia 16 de fevereiro Elson e Reverton, em companhia de Vagner, Fábio e outras pessoas não identificadas, renderam o vigia José Antônio Filho, que cuidava de um posto de combustíveis de Várzea Grande e roubaram 1.145 carteiras de cigarros, 12 chips de celulares, 53 bombons, uma CPU e uma quantia de R$ 2.405.
O segurança foi amarrado e trancado dentro do banheiro, que teve a parede quebrada pelos assaltantes que queriam ter acesso ao escritório do posto. No local, eles quebraram as câmeras de segurança e sistema de alarmes, arrombando o cofre para ter acesso ao dinheiro.
Oito dias depois do assalto ao posto, no dia 24 de fevereiro, Elson e Reverton participaram do arrombamento do caixa eletrônico do supermercado Comper, de onde roubaram R$ 180 mil.
Nesta ação, Edinho, Michael e Fábio arrombaram a porta do supermercado, renderam os funcionários e iniciaram a abertura do caixa eletrônico com maçarico.
Conversas entre os policiais apontam que Genivaldo havia encomendado o crime e Elson chega a cobrar o líder da quadrilha sobre a partilha do dinheiro, ao que ele se refere como "repartir o bolo de aniversário". As gravações apontam ainda que os PMs avisam Vagner que o roubo não foi comunicado à Polícia e que "não radiou no rádio, pode ficar até o dia clarear".
O MP afirma ainda que os PMs ficaram insatisfeitos com a quantia recebida pelo crime, alegando que haviam sido roubados R$ 180 mil.
Outro caixa eletrônico também foi alvo da quadrilha, mas o crime não chegou a ser concretizado. No dia 6 de março, Genivaldo, Michael, Vagner e os 2 policiais tentaram furtar o caixa eletrônico da Prefeitura de Várzea Grande. A movimentação dentro do terminal levantou suspeita e a guarda do Fórum acionou a Polícia.
Informação que foi repassada por Elson aos comparsas pedindo para eles "saírem vazado e ficarem esperto", porque a PM já sabia que eles usavam um carro sedan e as roupas que trajavam.
As gravações telefônicas mostram ainda a atuação do bando no assalto à Denteclin, de onde foram levados R$ 6 mil, uma televisão de 42 polegadas e um computador. Segundo a denúncia, Jéssica era funcionária da empresa e orientou Vagner, Edinho e outro comparsa não identificado que pegassem o dinheiro. Além de repassar as informações sobre localização do valor, Jéssica deu as chaves do local para os bandidos.
Segurança - O MP denuncia que irmãos Machado eram responsáveis por planejamentos de roubos a caixas eletrônicos, comércios e caminhões e definiam a expansão do negócio ilegal. O bando se uniu em outubro de 2010 e cometeu dezenas de crimes em Cuiabá e Várzea Grande. Também pertence à quadrilha Gefti Ferneda, Luis Barreto Leite, Lissandro Paternez Martins, Liz Angélica Paternez Martins, Romildo Fernandes da Silva, Airis Gonzaga da Silva, Ana Cristina Pereira da Silva e Ronaldo Lemes da Silva.
Considerado um grupo perigoso, com grande influência, as Polícias Militar e Federal farão a segurança nos 2 dias de audiência para garantir a ordem pública e evitar problemas. A PF foi chamada porque entre os réus existem policiais militares.
As testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas na segunda-feira, a partir das 9h. Os réus serão ouvidos no dia seguinte. Oito acusados serão intimados sobre nova denúncia pelos crimes de roubo a mão armada.
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