Pais enfurecidos na cidade japonesa de Fukushima fizeram no domingo uma passeata, juntamente com centenas de outras pessoas, para exigir proteção contra a radiação para seus filhos, mais de três meses depois de um terremoto e um tsunami terem desencadeado o pior desastre nuclear em 25 anos.
"Queremos nossas vidas de volta, queremos viver como famílias felizes, como antes do terremoto," disse Hiroko Sato, que marchou sob chuva pesada ao lado de seus sobrinhos de 3 e 7 anos, ao lado de faixas dizendo "Não às Usinas Nucleares" e "Basta Uma Fukushima." "Minha filha nasceu duas semanas antes do acidente nuclear. Eu não a amamento porque receio ter sido exposta a radiação demais," disse Sato.
Três reatores entraram em processo de derretimento depois de o terremoto ter atingido a usina nuclear de Fukushima Daiichi, no nordeste do Japão, em 11 de março, obrigando 80 mil moradores da área em volta da usina a abandonar suas casas, enquanto engenheiros lutavam contra vazamentos de radiação, explosões de hidrogênio e o superaquecimento dos bastões de combustível nuclear.
Os pais vêm se sentindo encorajados desde maio, quando protestos levaram o governo a reduzir o limite de exposição à radiação para crianças em escolas e a oferecer dinheiro às escolas para que façam a remoção da camada superior de solo nos playgrounds que receberam radiação excessiva. Mas os manifestantes, entre os quais havia ativistas e membros de grupos de Tóquio, disseram que o governo não fez o suficiente.
"Ainda não tiraram a camada superior de solo da maioria dos pátios e áreas das escolas e não ajudaram a fazer a limpeza dos prédios escolares," disse Akiko Murakami, mãe de quatro filhos e voluntária da "Rede Fukushima para Salvar Crianças da Radiação." Trata-se de um dos muitos grupos criados por cidadãos nos arredores da usina de Fukushima, onde muitas áreas estão expostas a 13 ou mais milisieverts de radiação por ano, cerca de 6,5 vezes os níveis naturais de radiação de fundo, conforme mostrou um levantamento na cidade.
De acordo com o levantamento, até 182 locais mostraram leituras próximas ou superiores ao limite oficial máximo anual de exposição à radiação, que é de 20 milisieverts por ano. A Comissão Internacional de Proteção Radiológica recomenda que os governos definam alvos de exposição a radiação situados na parte inferior da faixa de 1-20 milisieverts por ano.
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