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Cidades
Terça - 28 de Junho de 2011 às 14:48
Por: Alex Araújo

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A sessão na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para ouvir o goleiro Bruno sobre denúncia de tentativa de venda de habeas corpus em favor dele terminou às 12h18 desta terça-feira (28), em Belo Horizonte. O jogador, que vai a júri popular sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, pediu ao fãs que acreditem na inocência dele. "Eu não pude dar retorno, agradecer todos os meus fãs. Podem acreditar em mim, nas minhas palavras. Eu sou inocente”, disse.

A sessão começou às 9h35 e foi conduzida por membros da Comissão de Direitos Humanos da ALMG. O advogado de Bruno, Cláudio Dalledone, e a noiva do jogador, Ingrid Calheiros Oliveira, também prestaram esclarecimentos aos deputados Durval Ângelo, Rogério Correia, Maria Tereza Lara, Délio Malheiros e outros. Durante a sessão, Ingrid e Bruno chegaram a sentar lado a lado e trocaram beijos.

Ingrid Oliveira e goleiro Bruno se beijam durante sessão na ALMG nesta terça-feira (28). (Foto: Alex Araújo/G1 MG)Ingrid Oliveira e goleiro Bruno se beijam nesta terça-feira (28), em sessão para prestar esclarecimentos sobre denúncia de venda de habeas corpus. (Foto: Alex Araújo/G1 MG)

A denúncia partiu da noiva do goleiro no dia 10 de junho, quando já havia falado aos deputados. Segundo a comissão, ela disse que a juíza Maria José Starling, da comarca de Esmeraldas, teria intermediado conversa de Ingrid com um advogado que participou da defesa do goleiro. Este defensor teria proposto à noiva do goleiro uma assinatura de um contrato de R$ 1,5 milhão com cláusula de impetração de habeas corpus a favor de Bruno.

O G1 falou com o advogado Getúlio Barbosa de Queiroz, que defende a juíza. Ele negou o envolvimento de Maria José Starling em supostas irregularidades envolvendo o caso do goleiro Bruno. Segundo Queiroz, “a juíza Starling não tem competência para colocar o Bruno para fora, para liberar da prisão. Não pode revogar a decisão da Marixa (Rodrigues, juíza da comarca de Contagem, que proveriu sentença de pronúncia contra os réus)", disse.

Bruno negou ter proposto ou aceitado qualquer tipo de corrupção para se livrar da acusação pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio. "Quero sair da Nelson Hungria pela porta da frente", disse. O jogador falou que espera voltar ao trabalhar quando deixar o presídio. "Quero sair dali, para dar continuidade à minha carreira e cuidar dos meus entes queridos".

Logo no início do depoimento, Bruno fez acusação ao delegado Edson Moreira, da Polícia Civil em Belo Horizonte. “O senhor Edson Moreira me ofereceu R$ 2 milhões para sair, jogar o caso em cima do meu sobrinho. Como eu não devo nada, R$ 2 milhões para mim, na situação que eu me encontrava, eu resolvia em um estalar de dedos. Mas a Justiça tem que ser feita. Não é assim que as coisas se resolvem, disse Bruno em sessão na ALMG.

Procurado pelo G1, o delegado Edson Moreira comentou sobre a declaração dada pelo goleiro. "Deixa o Bruno pra lá. Ele já falou isto antes. Não tem o que negar. A gente só nega o que acontece", disse o delegado.

Bruno na sessão na Assembleia Legislativa (Foto: Alex Araújo/G1 MG)
Da esquerda para a direita, deputado Durval Ângelo,
goleiro Bruno, advogado Cláudio Dalledone,
deputado Rogério Correia. (Foto: Alex Araújo/G1 MG)

Depoimentos na ALMG
Ingrid Calheiros Oliveira, noiva do goleiro  Bruno, foi a primeira a chegar à Assembleia Legislativa. Em seguida, Bruno, que deixou a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para participar da reunião. Ele estava acompanhado de policiais e sem algemas. Os dois entraram juntos na sala de audiência e estavam usando aliança na mão direita.

O primeiro a falar foi o advogado Cláudio Dalledone. Ele disse que, em fevereiro, Ingrid teria sido chamada por um ex-advogado do goleiro, que teria pedido a quantia em troca da soltura do jogador. Segundo a denúncia, a cobrança seria da juíza Maria José Starling. Ainda de acordo com Dalledone, um vídeo mostraria a suposta negociação que teria sido feita em um hotel no Rio de Janeiro. A gravação foi exibida aos presentes no encerramento. Como não tinha áudio, foi narrada pelo advogado.

Em seguida, Bruno falou aos deputados. O jogador chegou a chorar por duas vezes, pediu à sociedade que acredite na inocência dele e disse que se sente humilhado.“Estão procurando ela (Eliza Samúdio) morta. Porque não começa a procurar ela viva? Porque eu tenho que passar por essa humilhação, sendo tratado pior do que um preso? E as pessoas ficam dizendo que eu tenho regalias”, disse. Ao beber um copo de água, o jogador comentou que não bebia água gelada desde quando foi preso.

Nesta terça-feira (28), Ingrid disse que esteve na casa da juíza, a convite da magistrada, para tomar um chá com duas familiares de Bruno. O advogado citado na denúncia também estaria presente. Segundo Ingrid, em uma conversa reservada no escritório da casa da juíza, o advogado teria mostrado habeas corpus negados ao atleta e dito que, se não houvesse a ajuda de uma pessoa influente, Bruno continuaria preso. “No início, eu achei que a juíza realmente estava querendo ajudar, estava agindo de boa-fé. Depois, é que eu vi que ela estava interessada na questão do dinheiro”, disse Ingrid.

Ao término da sessão, membros da Comissão de Direitos Humanos levantaram a possibilidade da abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a conduta da juíza citada na denúncia feita por Ingrid e também a conduta do delegado acusado de extorsão por Bruno.

Réu pela morte de Eliza Samúdio
Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza Samudio deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul. Segundo a polícia, Eliza teria sito morta no início de junho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Civil indiciou Bruno e mais oito envolvidos no desaparecimento e morte da jovem. A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público em agosto de 2010. O corpo de Eliza não foi encontrado.

Em dezembro de 2010, a mulher de Bruno, Dayanne; a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes de Castro; o caseiro do sítio, Elenílson Vítor da Silva; e Wemerson Marques, o Coxinha, foram soltos e respondem em liberdade. O goleiro, o amigo Macarrão e o primo Sérgio estão presos e vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.





Fonte: Do G1 MG

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