Alexsandro disse que matou empresário por sofrer ofensas constantes
Advogado diz que acusação de vigia não tem sustentação
O advogado Flávio Bertin Filho disse que as acusações do segurança Alexsandro Abílio de Farias, de 28 anos, são descabidas e não possuem sustentação. O vigia, que se apresentou na Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) na manhã de segunda-feira (27), afirmou, em depoimento, que assassinou o empresário Adriano Henrique Maryssael de Campos, por sofrer agressões verbais por parte da vítima.
Segundo Alexsandro, ele era constantemente chamado de macaco preto, preguiçoso e lerdo, as manifestações preconceituosas e racistas seriam feitas quando a porta giratória travava e Adriano se irritava. O empresário foi morto com três tiros à queima roupa, quando saía de uma agência do banco Itaú, na avenida Carmindo de Campos, no último dia 21.
Bertin Filho, que defende os interesses da família do empresário, acompanhou todo o depoimento de Alexsandro. Ele acredita que o vigia tem a intenção de manchar a reputação de Adriano e se fazer de vítima, para que o crime cometido por ele possa ter alguma sustentação.
"As acusações do Alexsandro são infundadas. Em depoimento, ele disse que se esqueceu de várias coisas, não se lembrava exatamente como fugiu ou atirou. Sobre as acusações de xingamento, ele disse que o Adriano o xingou no momento que saía da agência. Ele disse que ninguém viu as agressões pois ele teria falado muito baixinho", revelou o advogado.
Bertin Filho destaca que a justificativa apresentada pelo vigia não ameniza o crime bárbaro cometido contra o empresário, que foi morto aos 73 anos de idade.
"Essa questão das agressões verbais não justifica o crime. O Adriano foi morto aos 73 anos de idade, quando ia a uma agência bancária, essa era sua rotina de trabalho. Não podemos admitir situações como estas, uma pessoa assassinar um idoso e sair pela porta da frente da delegacia. Ele agiu de forma premeditada, atirando quando a vítima estava em uma porta giratória sem condições de defesa", sustentou o advogado da família.
O advogado acredita que as atitudes tomadas por Alexsandro de ter atirado pelas costas do empresário, fugir do flagrante e se manter escondido, evidenciam uma personalidade fria e calculista por parte do segurança.
"Ele é uma pessoa fria, que apresenta perigo para a sociedade, não deveria estar em liberdade e deve ser retirado do convívio social. Ele está se beneficiando de uma brecha na lei brasileira para se manter em liberdade, mesmo depois de ter matado uma pessoa, na frente das câmeras e de testemunhas", disse o advogado.
Segundo o delegado, Antônio Carlos Garcia, chefe da DHPP, assim que as investigações forem concluídas, ele vai encaminhar o relatório ao Ministério Público Estadual, que apresentará ou não a denúncia, fazendo a representação à Justiça Estadual, que decidirá sobre a abertura de ação penal contra o vigia.
Caso o Ministério Público Estadual entenda necessário, poderá ser solicitado à Justiça o pedido de prisão preventiva ou temporária contra Alexsandro. Embora não tenha sido preso, o vigia deixou a delegacia indiciado por homicídio qualificado.
Segurança se apresentou à Polícia só depois do flagrante
Conforme MidiaNews já havia antecipado, o vigia se apresentou na manhã de segunda-feira (27) e saiu pela porta da frente da delegacia, sem ser detido.
Como ele fugiu logo após assassinar o empresário, conseguiu afastar a prisão em flagrante delito. Além do mais, ele não tem antecedentes criminais e possui residência fixa, o que, segundo a legislação brasileira vigente, permite que o acusado responda pelo crime em liberdade.
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