Eles não têm a fama de Neymar, Paulo Henrique Ganso, Danilo e Zé Eduardo, mas recebem a mesma atenção da diretoria santista, preocupada em manter a tradição do clube em revelar talentos e conquistar títulos importantes, como a Copa Libertadores da América, levantada pelo Alvinegro Praiano na última semana. Considerado um dos maiores celeiros de craques do futebol brasileiro, o Peixe quer repetir nas quadras o sucesso dos gramados, onde tem se destacado de seus rivais por revelar grandes jogadores. Para isso, a diretoria do clube tem se preocupado em garimpar novos talentos do futsal pelo país a fora, levando-os à Vila Belmiro na tentativa de formar possíveis craques, ao melhor estilo "Meninos da Vila".
Natural de Fortaleza, o ala/pivô Bruno Taffy, de 21 anos, chegou ao clube em janeiro deste ano depois de se destacar nas categorias de base do Minas (MG) e do Espaço Jovem (CE). Integrado à equipe principal do Santos, ele custou a acreditar que estava jogando ao lado do ídolo Falcão.
- No meu início aqui no Santos, ficava olhando para ele impressionado. Era difícil acreditar que estava jogando com o meu ídolo. Com o passar do tempo, me acostumei a isso e hoje sou até amigo do Falcão. É uma sensação muito boa, que me faz ter mais vontade de crescer na profissão - afirma Bruno, que deixou pais e namorada em Fortaleza para realizar o sonho de ser jogador de futsal. - A saudade é grande e, desde que vim para cá, só estive em Fortaleza uma vez. Mas, apesar de tudo, acho que está valendo a pena, pois estou perseguindo um objetivo - completa.
Confiante em ter sucesso na carreira, ele aponta a política santista de valorização de novos talentos como possível trunfo para iniciar bem o seu ciclo no futsal adulto.
- O Santos, há muito tempo, tem essa preocupação de colocar os novos para jogar ao lado dos consagrados. Foi assim no futebol e agora está sendo no futsal. Essa mistura dá muito resultado, uma vez que vamos ganhando experiência e responsabilidade - analisa o jovem ala/pivô, que é fã de pagode e gosta de tocar cavaquinho nas horas vagas.
Assim como Bruno Taffy, o fixo Gava, de 20 anos, também já se sente em casa na Vila Belmiro, onde os atletas de futsal fazem suas refeições, e na Arena Santos, local dos jogos e treinos da equipe. Revelado pelo Jaraguá (SC), ele integra as equipes juvenil e adulto do Santos, depois de transferir-se do clube catarinense para o Peixe, em janeiro deste ano. Motivado pela oportunidade, ele rasga elogios ao novo clube, ao melhor estilo "Menino da Vila."
- A estrutura do Santos é muito boa e esse é um dos diferenciais para o clube ser um grande formador de atletas. Como o time de futsal começou este ano, temos tudo para seguirmos o caminho do futebol, que tem sido extremamente vitorioso e tem revelado inúmeros craques, como Neymar, Ganso e companhia - afirma ele, que tem nos fixos santistas Neto e Índio seus maiores espelhos. - Admiro muito esses dois e procuro tirar o melhor de cada um. Fico impressionado como eles se esforçam nos treinamentos, mesmo sendo jogadores consagrados. É essa lição que pretendo levar para a carreira, de que o futsal não tem espaço para chinelinho - comenta.
Caseiro, o jovem catarinense de Joinville prefere um programa tranquilo com a namorada às baladas noturnas.
- Fico muito em casa, geralmente no computador. Vez ou outra, vou dar uma volta com a minha namorada na orla de Santos, ou saio para passear com a minha família, quando eles estão aqui - garante.
Apesar de os "Meninos da Vila" do futsal já causarem expectativa na diretoria e torcida, apenas um dos novatos santistas já balançou a rede na Liga Futsal. Trata-se do ala Thiago Carioca, de 18 anos, que marcou um dos da vitória por 4 a 2 sobre o Florianópolis, na última semana, na Arena Santos. Empolgado com os seus três meses de Santos, ele, que veio da base do Fluminense, se diz prestigiado em seu novo lar.
- Os diretores do Santos fazem tudo para valorizar os atletas da base e, felizmente, temos retribuído isso à altura - afirma o jovem jogador, que tem atuado nas equipes juvenil e adulto. - Espero me manter aqui, pois, além de ser um clube formador de atletas, já criei uma grande identificação com o Santos.
Natural de Duque de Caxias, Thiago - que mora em um apartamento alugado pelo Santos próximo à Vila Belmiro - esteve no estádio para acompanhar a final da Libertadores, transmitida em telão na última semana.
- Mesmo quando morava no Rio, já era identificado com o Santos. Na fase de grupos da Libertadores, fui a quase todos os jogos disputados na Vila Belmiro. Essa relação clube-jogador é muito importante na formação atleta - analisa ele, que lamenta o fato de os grandes clubes do Rio não terem times de futsal disputando as principais competições do país.
Aos 18 anos, o ala Thiago Carioca já balançou a rede pela Liga Futsal (Foto: Ricardo Saibun / Santos FC)
Um dos companheiros de apartamento de Thiago é o ala Gustavo, de 20 anos. Com uma passagem pelo sub-15 do Santos em 2006, ele está de volta ao clube após uma passagem pelo Jaraguá. Natural de Indaiatuba, no interior de São Paulo, ele acredita que a política santista de valorização da base, faz com que os atletas cheguem ao profissional "sem medo".
- Diferentemente dos outros clubes, o Santos dá muito espaço para os juvenis. Eu mesmo já joguei cinco jogos no time adulto. Acho isso muito positivo, porque o atleta cria coragem para atuar na categoria principal. Nesses primeiros jogos, acho que fui muito bem, principalmente pelo fato de os atletas de nome serem muito receptivos com a garotada e nos orientarem bastante - revela ele, que, diferentemente do ídolo Neymar, não é adepto do cabelo moicano. - Deixa o moicano para o pessoal do futebol. Gosto de um estilo mais discreto - brinca ele, que, nas horas vagas não dispensa uma boa música sertaneja.
Comentários