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Política
Quarta - 06 de Julho de 2011 às 11:48
Por: RAMON MONTEAGUDO

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Secom MT
O ex-diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot: cargo cobiçado sem o devido trabalho político
O ex-diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot: cargo cobiçado sem o devido trabalho político

A queda de Luiz Antonio Pagot do DNIT é, sem dúvida, um episódio emblemático para Mato Grosso. Por isso mesmo, merece reflexão. Elevado a um dos cargos mais cobiçados do Governo Federal, pelas mãos hábeis de seu padrinho político Blairo Maggi, Pagot não soube dar a devida envergadura política à função.

No primeiro solavanco no planalto brasiliense, caiu prematuramente.

É óbvio que há muito mais "detalhes", como intrigas e jogo de interesses, alinhavando essa história. Entre elas, o "fogo amigo" no PR, vindo provavelmente, como comentado nos bastidores do Congresso, do deputado Sandro Mabel (GO), desafeto declarado do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (AM).

Mas isso, ao que parece, foi o que menos pesou.

Executivo competente e de visão estratégica, Pagot fez no DNIT basicamente aquilo que já havia feito no Governo Blairo Maggi, quando ocupou cargos cobiçados na área de infraestrutura. Chamou para si a responsabilidade, adotou fórmulas ousadas e fez a engrenagem funcionar.

Aqui, em Mato Grosso, como lá, em Brasília, se cercou de poucos e nutriu inimizades com muitos - fato que poderia ser considerado corriqueiro, sobretudo, para quem ocupa uma pasta com orçamento de R$ 15 bilhões.

O problema, ao que consta, foi a falta de habilidade política.

A verdade é que Pagot assumiu o DNIT "sangrando". Quem não se lembra da campanha do PSDB contra sua indicação? Um dos fatos usados à época é que ele fora "funcionário fantasma" do Senado, como assessor do falecido Jonas Pinheiro (DEM). Na mesma época, se disse, ele morava no Rio de Janeiro e também prestava serviços no Amazonas, ao grupo empresarial do senador Maggi.

Por conta dos ataques sucessivos, Pagot foi indicado pelo presidente Lula numa situação delicada. A então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi absolutamente contra a nomeação. Mas teve que engolir, a seco, a vontade do então presidente.

Analisando-se tal fato em perspectiva, é possível entender melhor a fragilidade e a vulnerabilidade de Pagot, que, ao mesmo tempo em que teve que arregaçar as mangas para destravar mais de 50 obras do DNIT, deveria ter se dedicado ao seu fortalecimento político.

Pagot andava distante até mesmo de seu padrinho Maggi, que, em situações importantes, parece ter feito pouco - ou nada - para lhe ajudar. O exemplo mais sintomático e recente foram os ataques sucessivos disparados pelo verborrágico senador Mário Couto, do PSDB paraense.

Do alto da tribuna do Senado, Couto destroçou Pagot, tachando-o de "corrupto", "ladrão" e "patife", entre outros. Maggi, presente no mesmo recinto, apenas observou, fingiu que não era com ele e deu de costas. Nenhuma manifestação de solidariedade, nenhum reles aparte...

Em suma: na política, não basta realizar. É preciso envolver grupos distintos, simpatizantes - e até desafetos - em uma aura favorável. É preciso atender bem, dialogar, ouvir e, na medida do possível, atender a pedidos. Sem isso, sem essa dramaticidade, a roda não gira.

Nesse aspecto, ao que tudo indica, Pagot pecou. Assim como pecou ao não dialogar com a sociedade através da imprensa. Em Mato Grosso, por exemplo, é difícil encontrar alguém que saiba dizer, ao certo, o que o diretor-geral do DNIT viabilizou em obras e estradas.

Ao se fechar em uma espécie de casulo, Pagot deixou de dar seqüência a um trabalho que se revelaria, sem sombra de dúvidas, de extrema importância a Mato Grosso. Não só no aspecto físico (obras), mas também no político (prestígio).

Com a queda de Pagot, fecha-se um ciclo. Fecha-se a era Blairo Maggi, iniciada em 2002 e cujo protagonista principal soube elevar Mato Grosso a um patamar de influência nacional que há tempos não se via.

Em meio às lágrimas, de um lado, muitos outros comemoram a derrocada vergonhosa de Pagot, que foi, na verdade, demitido via imprensa - e, talvez, sem ter a devida culpa no cartório.

Independentemente de paixões, todos nós perdemos. Agora, quem sabe, o consolo seja aguardar mais uns 50 anos para que Mato Grosso consiga emplacar outra figura em cargo de tamanha relevância no cenário político nacional.






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