Vacina contra HPV não piora quadros de lúpus
Um estudo chinês, apresentado durante o EULAR 2011, Reunião Anual da Liga Européia Contra o Reumatismo, esclarece que a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), Gardasil, não agrava o nível de atividade da doença nas pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e tem um perfil de segurança tolerável.
“O lúpus é uma doença auto-imune que afeta nove vezes mais mulheres do que homens. Os estudos atuais têm mostrado que a taxa de HPV entre as portadoras de lúpus é significativamente maior do que na população em geral. Portanto, é saudável e importante proteger as pacientes com LES da infecção provocada pelo HPV, responsável por câncer cervical. O estudo chinês comprova a segurança do medicamento”, defende o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).
Para realizar o estudo, os pesquisadores chineses do Tuen Mun Hospital, em Hong Kong, recrutaram 50 mulheres com lúpus, com idades entre 18 e 35 anos, que receberam uma dose estável de prednisolona e / ou imunossupressores (tratamento normal para os pacientes com LES). A vacina Gardasil foi dada no início do estudo, que durou seis meses, por via intramuscular.
Durante todo o período da pesquisa, os escores de várias doenças e os valores de anticorpos foram registrados e analisados. Em seis meses, apenas três casos de erupções cutâneas foram registradas entre as participantes do estudo. Todas estas erupções foram tratadas da maneira habitual em pacientes com lúpus.
“Assim como no caso da vacina contra a gripe, que ainda provoca suspeitas infundadas em diversos pacientes com artrite reumatóide, sei que temos uma longa batalha em prol da saúde, no caso da vacina contra o HPV para pacientes lúpicas. Mas temos que vencê-la com informação apropriada e persistência, até convencermos todas as mulheres que é seguro vacinar-se contra o vírus”, defende Sérgio Lanzotti.
A infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento do câncer do colo do útero. Estudos demonstram que o vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer cervical. A prevenção pode ser feita usando-se preservativos (camisinha), durante a relação sexual, para evitar o contágio pelo HPV.
Os principais fatores de risco estão relacionados ao início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. Deve-se evitar o tabagismo (diretamente relacionado à quantidade de cigarros fumados) e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais, hábitos também associados ao maior risco de desenvolvimento deste tipo de câncer.
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