Produção nacional para tablets depende de grandes empresas
A Aorta, empresa que produziu o aplicativo para iPhone da Folha, desenvolve o PlayMe, plataforma usada por muitos dos principais jornais e revistas do Brasil em suas versões para tablets e smartphones.
Além de atender a esse mercado, a Aorta faz aplicativos para McDonald"s, Petrobras e Skol, adaptando a plataforma PlayMe aos interesses de cada empresa.
Segundo os donos das maiores desenvolvedoras nacionais de aplicativos, a dependência dessas marcas é uma questão de sobrevivência. Ainda assim, há espaço para outras invenções.
Carlos Alberto Jayme, diretor de marketing e vendas da Cinq Technologies, diz que a criação independente pode ser vantajosa mesmo quando não gera grande lucro.
"Aplicativos sendo vendidos a US$ 1 não trazem receita nem pagam o investimento, mas mostram ao mercado a nossa capacidade de fazer aplicativos", afirma ele. "Eu sempre falo que os aplicativos são as nossas abelhas, levando a nossa marca pelo mundo", acrescenta.
Hoje, o aplicativo independente mais bem-sucedido da Cinq é o Right Size, um conversor de medidas de roupa para iPhone e iPad. O Right Size já teve mais de 1.500 cópias vendidas.
"Uma adolescente disse que sentia a necessidade de um aplicativo que convertesse tamanhos de roupa entre os padrões do Brasil, dos Estados Unidos, da Europa, do Japão... Resolvemos fazer."
Breno Masi, 28, sócio-fundador da FingerTips -primeira desenvolvedora para iPhone do país-, diz que o que falta ao Brasil não é criatividade, mas investimento. "Temos o Instagram, aplicativo que tem um brasileiro envolvido, mas nenhum hit mundial 100% brasileiro. O investimento em aplicativos no Brasil é bem inferior ao dos EUA, por exemplo. Lá, você consegue US$ 1 milhão fácil. Aqui, os investidores cobram retorno rápido", afirma.
IOS X ANDROID
É consenso entre os desenvolvedores nacionais que priorizar a produção de aplicativos para iOS ainda é o melhor negócio, mesmo com o crescimento do Android. A preferência se dá, sobretudo, pela maturidade do sistema da Apple.
Apesar disso, Masi aponta um defeito do iOS. "As regras da App Store são muito rígidas. Já tivemos um caso curioso de aplicativo barrado pela Apple: era um programa de um bonequinho que repetia o que a pessoa falava. Ele parecia o Steve Jobs, e o aplicativo se chamava Steve. Não passou. Renomeamos para Bill e deixamos o boneco parecido com o Bill Gates."
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