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Economia
Domingo - 10 de Julho de 2011 às 15:51

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O crescimento das classes sociais de maior poder aquisitivo nos últimos anos, acompanhando o aumento da renda, começa a mudar o foco do setor de luxo no país.

Embora a representação mais conhecida do segmento ainda sejam produtos, como bolsas de grife e carros importados, empresas e analistas dizem que o foco está, agora, nos serviços.

"A era dos produtos ficou para trás. A gente percebe essa mudança de foco principalmente nos últimos três anos", diz Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria, especializada no setor.

"O segmento de luxo é um excelente negócio, pois as classes AB foram as que tiveram as maiores taxas de crescimento nos últimos anos, e isso vai continuar", diz Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV.

Segundo pesquisa da FGV, a classe A cresceu 41% entre 2003 e 2009, enquanto a B aumentou 38%. "Tudo que estiver pautado em elevar esse serviço ao nível de "quase feito só para mim" ganhará mais espaço. É o extremo da customização", diz Ferreirinha.

SONHOS

Foi aproveitando uma oportunidade de entrar no segmento que os amigos Pedro Opice e Guilherme Gomes, ambos de 24 anos, criaram a Jazz Side, especializada em realizar os "sonhos" de clientes endinheirados.

Com pouco mais de um ano, a empresa tornou realidade os pedidos de cerca de 40 clientes. Entre eles, uma partida de tênis com Pete Sampras e um ensaio com o fotógrafo J.R. Duran.

"As pessoas estão se diferenciando pelo que vivem, e não pelo que têm", diz Opice.

  Divulgação  
O psiquiatra Sérgio Klepacz, 54, que realizou sonho de ser 007 por uma semana, e atriz que interpretou uma Bond girl
O psiquiatra Sérgio Klepacz, 54, que realizou sonho de ser 007 por uma semana, e atriz que interpretou uma Bond girl

"CONCIERGE"

A inglesa Quintessentially também oferece esses serviços no país desde o ano passado. A empresa é especializada em "concierge" e tem entre os clientes empresários e famosos, como o apresentador de TV Álvaro Garnero.

"As multinacionais de luxo estão cada vez mais interessadas em atuar no Brasil", afirma Alfonso de Campos, presidente-executivo.

Shoppings centers voltados para a classe A, como Cidade Jardim e Iguatemi, em São Paulo, também ingressaram na onda e já disponibilizam o serviço de "concierge".

Por US$ 2.200 a US$ 75 mil ao ano, a Quintessentially oferece "qualquer coisa que o associado possa desejar ou precisar".

Isso inclui desde serviços simples, como organizar uma viagem, a contratar um rock star para uma festa -o cliente, claro, também é cobrado pelo que requisitar.

"É como se fosse um clube em que você tem a facilidade de ser encaixado em eventos exclusivos e é muito bem recebido", diz Garnero.

Nessa linha, a agência Teresa Perez Tours oferece o turismo de luxo. "Elaboramos viagens personalizadas e criamos experiências para um consumidor mais exigente", afirma o presidente, Tomas Perez. A empresa já promoveu, entre outros, um jantar na muralha da China.

JAMES BOND

O médico psiquiatra Sérgio Klepacz, 54, viveu a experiência de ser James Bond por uma semana. Antes de embarcar para Karlovy Vary, na República Tcheca, e Veneza, na Itália, recebeu mensagens misteriosas com missões do serviço secreto inglês.

Klepacz teve o seu sonho realizado pela empresa Jazz Side, após vencer uma promoção em uma loja de roupas.

"Queria ser o Bond no filme "Cassino Royale", uma aventura que sabia que seria inesquecível. Quando me ligaram dizendo que tinha sido escolhido, nem acreditei."

A Jazz Side preparou os detalhes para que o médico acreditasse que era o protagonista do longa.

"No avião, me entregaram uma pasta e um envelope com instruções para quando eu chegasse. Em Praga, havia uma agente, a "Bond Girl", me esperando com uma BMW."

O cliente-agente ficou hospedado na suíte presidencial do suntuoso hotel Grand Pupp, cenário do filme. Na recepção, era sempre chamado de Mr.Bond.

"Eles pensaram em tudo. Viajei também, em um jatinho, para Veneza, passando pelos Alpes. O dia estava lindo", conta.

O médico, que vai para o exterior duas a três vezes por ano, muitas vezes a trabalho, diz que pensa em repetir a experiência. "Se eles fizessem um roteiro novo, com outro filme do Bond, consideraria viver isso de novo."

E, dessa vez, pagando. A loja que ofereceu o prêmio gastou R$ 78 mil. "A experiência vale o custo." 






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