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Internacional
Domingo - 10 de Julho de 2011 às 20:12

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O curador da Flip, Manuel da Costa Pinto, atacou neste domingo (10), durante a entrevista de balanço da festa literária de Paraty, o documentarista e intelectual francês Claude Lanzmann, um dos convidados do encontro.

Costa Pinto --que antes da Flip classificou Lanzmann como o convidado mais significativo para ele-- criticou a rispidez com que Lanzmann tratou o mediador de sua conferência, o professor e crítico Márcio Seligmann-Silva, equiparando a atitude a práticas nazistas. Na visão do curador, o destempero de Lanzmann reflete um preconceito contra acadêmicos.

No debate da sexta-feira à noite, Lanzmann rejeitou perguntas de Seligmann-Silva que não abordassem o livro de memórias que o francês está lançando no Brasil, "A Lebre da Patagônia". O autor convidado dirigiu "Shoah", um importante documentário sobre o Holocausto, tema do qual o mediador é estudioso e sobre o qual tentou fazer perguntas de cunho mais complexo e filosófico.

"É decepcionante que um autor do porte e da estatura intelectual do Claude Lanzmann rejeite perguntas dessa natureza. Rejeitar a complexidade do debate literário e filosófico é ser um perpetrador da intelectualidade. Esse preconceito que há contra o intelectual, contra o acadêmico, é uma coisa nazista. Infelizmente uma pessoa que trabalhou tanto com essa matéria-prima acaba reproduzindo uma atitude dessas, soube ser contra a discussão intelectual e filosófica. É grave isso, é grave. A atitude dele foi cancelar o debate em nome de uma espetacularização de si mesmo. Foi lamentável o que aconteceu", disse Costa Pinto.

O curador defendeu a "estatura intelectual" de Seligmann-Silva e as perguntas feitas pelo medidor, considerado por Costa Pinto "com certeza absoluta o maior crítico literário da minha geração".

"O Lanzmann talvez tenha uma vaidade intelectual que gera uma certa impaciência com perguntas. Às vezes as pessoas reagem a perguntas mais complexas --eu defendo as perguntas mais complexas. Acho absolutamente terrível quando alguém fala que houve uma mediação acadêmica, acho isso uma banalidade, uma vulgaridade. Literatura é complexa, não é fácil. As pessoas estão aqui para ver a figura do autor em cena e terem interação com autor, terem uma tarde agradável? Sim. Mas a obra vem à frente do autor, e a obra não é fácil."






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