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Cidades
Segunda - 11 de Julho de 2011 às 09:20

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Uma realidade desumana se vivencia em Cáceres. Desempregadas, pelo menos, cinco famílias de trabalhadores, estão vivendo de restos de detritos que recolhem, diariamente, no lixão a céu aberto, na localidade da Piraputanga. Em um grupo está uma família inteira: avó a mãe e o neto, um garoto de 14 anos que, descalço, desde ao amanhecer “garimpa” sobre a sujeira, entre a nuvem de moscas, algum tipo de produto reciclável para ajudar na sobrevivência. Como se não bastasse à miséria, as famílias são vítimas da exploração: recebem R$ 6 por saco de lixo que pode ser latinhas, papelões ou garrafas petis. “No dia que temos sorte, catamos até dois sacos” conta Cristiano Anselmo da Silva, 36 anos.

De acordo com os próprios catadores, existem cerca de 20 pessoas, que “trabalham” no lixão. Todos alegam que se submetem a essa atividade devido à necessidade por não terem outro tipo de trabalho. Alguns com mais tempo no local, como Salvador Maciel de Campos, 58 anos, moram a poucos metros da montanha de lixo, onde inclusive, já construíram barracos. Lá eles dormem e se alimentam. “As moscas quase não atrapalham, estamos acostumados” diz apontando para um prato com sopa de macarrão, quase coberto pelos insetos. A maior satisfação do grupo é quando chega o caminhão de lixo para descarregar na área. Nesse momento eles se aproximam do veículo para escolher o que julgam de maior valor.

Sobrevivendo em meio ao lixo e as moscas, os trabalhadores reclamam da dificuldade para conseguir água para se banhar e, principalmente, beber. Dizem que, nos finais de tarde - quando não estão com muito cansaço - alguns se deslocam a quatro quilômetros do local, no córrego da Piraputanga para conseguir água para as necessidades. “Não tem outro jeito. Ou vamos até ao córrego ou ficamos sem tomar banho” frisa José de Barros, 25 anos.

O maior drama, no entanto, é da família de Maria Luiza Lara, 62 anos. Ela “trabalha” no lixão com a filha Raquel, 36 anos e o neto A.O, 14 anos. “Não estamos aqui porque queremos. É, que não temos outro trabalho e temos que sobreviver honestamente” diz Maria Luiza, lembrando que a filha e o neto os acompanham porque também “estão passando por necessidade”. Raquel evita falar sobre a sua freqüência no local. Por outro lado, o garoto A.O diz que vive descalço porque não tem dinheiro para comprar chinelo. “Eu não tenho chinelo. O que faço é para ajudar a minha mãe” diz acrescentando que é torcedor do Flamengo e que, o maior desejo é ganhar uma camisa do time. A do Ronaldinho Gaúcho.

Providências

A secretária municipal de Ação Social, Eliene Liberato Dias, se comoveu ao ver as imagens dos catadores no lixão, principalmente, da família da dona Maria Luiza. De imediato, ela determinou que uma equipe da secretaria, composta por assistentes sociais e psicólogos, se deslocasse até ao local para tomar providências no sentido de retirar os trabalhadores da área. A família de dona Maria Luiza não foi encontrada. Porém, os colegas que lá estavam, foram cadastrados no programa Minha Casa, Minha Vida.

Também foram distribuídos cobertores para todos que estavam no local. “É uma situação vergonhosa que não deveria existir” disse Eliene afirmando que a secretaria cadastrou os catadores e todos estarão recebendo uma casa do programa. Além disso, segundo ela, a secretaria estará auxiliando para que os catadores encontrem um emprego mais digno no município.

Risco à saúde

O clínico geral Leonardo Ribeiro Albuquerque, diz que “o local é totalmente insalubre e expõe a risco de saúde gravíssimo a todas as pessoas que ali moram e trabalham”. O médico acrescenta que os trabalhadores, principalmente, as crianças, tem grande chance de serem contaminados com parasitoses intestinais, infecções fúngicas e bacterianas, além de doenças transmitidas por insetos e ratos que freqüentam o local. Ele sugere medidas imediatas por parte das secretarias de Saúde e Assistência para retirada dos catadores, sob pena de colocar em risco a vida de todos que trabalham no lixão.
 
 
 






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