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Polícia
Terça - 12 de Julho de 2011 às 07:39
Por: Caroline Rodrigues

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Mato Grosso é o 5º estado com maior número de assaltos e arrombamentos a bancos no país. Dados da Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), mostram que foram 48 ocorrências no primeiro semestre deste ano (40 arrombamentos e 8 assaltos). Neste número não estão as duas últimas ações criminosas, na modalidade "Novo Cangaço", que aconteceram em Nova Monte Verde (968 km ao norte de Cuiabá) e em Poconé (104 km ao sul de Cuiabá).

Em todo o país, neste primeiro semestre foram 838 ataques a bancos, uma média de 4,63 ocorrências por dia. São Paulo é o estado que lidera o ranking, com 283 casos. O Amazonas foi o único estado que não apresentou nenhum registro.

Os criminosos sempre estão armados com fuzis e pistolas 9 milímetros, cujas munições furam até mesmo os coletes à prova de bala. Em Mato Grosso, eles aproveitam-se da fragilidade da Polícia para realizar as operações.

No caso mais recente, que aconteceu no final de semana, em Poconé, 9 homens armados invadiram uma agência do Banco do Brasil. O grupo era maior que o efetivo presente no município, que era de 3 PMs.

Além de terem vantagem na quantidade de pessoas, tinham ainda armamentos mais modernos e usados para a guerra, explica o comandante, major Júlio Martins de Carvalho, que estava no quartel e acompanhou todo o assalto. Ele conta que os ladrões usaram pessoas como escudo e mesmo que não tivessem reféns envolvidos, a Polícia não tinha condições de fazer o confronto devido às desvantagens.

Nos outros 7 municípios do interior, que passaram por este tipo de assalto, a precariedade do efetivo é o mesmo. Em Nova Guarita (697 km ao norte de Cuiabá), por exemplo, são apenas 2 homens da PM. Eles não têm folga e precisam trabalhar de forma contínua durante meses. Muitas vezes deixam de lado as regras de segurança, que exigem a presença de 2 policiais durante as ocorrências para atender a população.

A cidade tem 4.932 habitantes, o que dá uma média de 2.433 habitantes para cada policial. A quantia representa um déficit de 850% em relação ao que recomenda a Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade prevê 1 policial para cada 250 habitantes.

A carência de efetivo também está em Itiquira (357 km ao sul de Cuiabá), onde existe 8 policiais militares e foram registrados 2 assaltos este ano. Eles fazem regime de plantão de forma que apenas 2 ficam de serviço por dia. Cabe à dupla atender as demandas da base, do núcleo urbano e também dos distritos. Eles andam com o celular dentro do carro de Polícia e deixam o número pregado na porta do posto policial para a população ligar.

No dia do último assalto, os 2 servidores ficaram assistindo a ação dos criminosos, enquanto aguardavam o reforço, que veio de Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá). Os policias chegaram 2 horas após a fuga dos ladrões e como nos demais casos registrados, não houve prisões.

Em Querência (945 km a nordeste de Cuiabá), são 11 policiais para 13.033 habitantes. Os trabalhadores contam que costumam andar sempre de farda porque são chamados a todo instante. No local, os militares relatam que o efetivo é um terço do previsto e a cobrança da população é grande. A solução encontrada é tirar a folga dos policiais e fazer com eles atuem sem descanso. "A sociedade quer o policial na rua e para atender, o governo fere o direito dele como trabalhador", diz um policial que pediu para não ser identificado.

Os 9 PMs de Nova Monte Verde (968 km ao norte de Cuiabá) reclamam da extensão de cobertura em relação a quantia de profissionais. Eles argumentam que no dia do assalto ao banco, houve uma intensa mobilização que durou alguns dias.

Atualmente, a cidade voltou a ter a mesma segurança frágil de sempre. A expectativa é a formação de novos PMs, mas eles têm consciência que o número de formandos é insuficiente e o município não está entre as prioridades.

As cidades do interior que tiveram bancos assaltados na modalidade de "Novo Cangaço" foram Poconé, Nova Monte Verde, Paranatinga, Nova Guarita, Querência, Itiquira. Nesse tipo de crime, um grupo de ladrões chega fortemente armado e usa funcionários e clientes do banco com escudo humano. Em seguida, eles fogem escondendo-se na mata.

Sindicato - O presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e do Ramo Financeiro em Mato Grosso (SEEB/MT), Arilson da Silva, acredita que os bancos devem agir imediatamente começando com a instalação de câmeras dentro e fora da agência com imagens de qualidade, para identificar os bandidos. Outra ação proposta é a troca dos vidros da fachada por vidros blindados para o reforço na segurança. A instalação dos biombos é outra medida que já deve ser cumprida em Cuiabá. Ele defende que só assim será possível reduzir a quantidade de registros e garantir a segurança dos funcionários e usuários.

Prisões - Dos últimos 3 assaltos, que aconteceram num intervalo de 3 dias, apenas 2 pessoas suspeitas de envolvimento no crime em Poconé foram presas. Elas são acusadas de estelionato. O casal, que não teve o nome divulgado, comprou um Gol preto, que foi usado na fuga pelos 9 criminosos, que tentaram explodir o cofre da agência.

Informações da PM mostram que o veículo foi comprado pela mulher, que não pagou as parcelas e revendeu sem nenhum tipo de contrato formal para um homem, chamado "Neguinho". Ele trabalha na praça, conhecida como "Pedra", no bairro Dom Aquino. O comprador, de acordo com a Polícia, teria revendido o veículo para uma das pessoas envolvidas no assalto. O casal mora no bairro CPA, mas o negociador ainda não foi encontrado.

Após o assalto, o carro foi encontrado na estrada velha, que liga as cidades de Poconé e Cáceres. A Polícia acredita que ele foi abandonado porque teve problemas mecânicos.

Outro lado - O coronel da PM, Evandro Medeiros, explica que mesmo com a falta de efetivo, a PM está em todos os pontos do Estado. Ele argumenta que houve um crescimento populacional a partir da década de 80 e a corporação não acompanhou, no que diz respeito às contratações.

Medeiros argumenta que está previsto a incorporação de 1,2 mil PMs, que estão na academia. Ele ainda acrescenta que outros concursos serão realizados e que até 2014 o número de policiais estará conforme o adequado, que é 11 mil.






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