Dilma nega volta de Pagot
A presidente Dilma Rousseff desautorizou líderes da base aliada que admitiram a possibilidade de recondução de Luiz Antônio Pagot ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Irritada com as especulações sobre o assunto, Dilma foi taxativa: disse que sua decisão está tomada e Pagot não voltará.
Por outro lado, Pagot continuou no centro das atenções políticas ontem, mas desta vez na Câmara Federal, já que no dia anterior depôs no Senado e em Brasília. Para os deputados, Pagot repetiu as mesmas ponderações técnicas, só que a sessão durou mais de 7 horas e desafiado, Pagot não se fez de rogado e assinou um documento autorizando a quebra do seu sigilo fiscal e telefônico para comprovar que não teme ser investigado e que não tem o que esconder.
Mas também não escondeu que tem vontade de voltar ao cargo, tanto que declarou aos deputados que: "Se a presidente Dilma assim quiser, eu posso continuar à frente do Dnit, mas preciso ter uma longa conversa com ela", disse ele, após prestar depoimento. "Eu gostaria de ficar. Comecei a fazer mudanças lá e posso continuar a fazê-las. Mas não posso mais ficar dependendo do Serpro, que fica dois anos encarregado de um estudo e não entrega. Preciso de uma infraestrutura de ponta na informática"
Indagado se aceitaria um "prêmio de consolação" da presidente, que determinou seu afastamento do Dnit, ele respondeu: "De jeito nenhum. Não aceito convite para nenhuma outra área que não seja o Dnit".
A contrariedade de Dilma em relação a rumores sobre a permanência de Pagot foi transmitida aos 14 senadores do PT que participaram de um jantar com as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), na casa de Marta Suplicy (SP). Na avaliação da presidente, o gesto seria interpretado como um "prêmio" depois que Pagot poupou o governo das acusações sobre cobrança de propina em depoimentos dados à Câmara e ao Senado, nos últimos dois dias.
A dificuldade, no entanto, será o comportamento do PR daqui para frente, ou seja, nas votações secretas não se saberá com certeza como os 40 deputados federais ou os 7 senadores se posicionarão em matérias polêmicas, onde o governo sequer consegue manter o seu partido unido, o que dirá da base aliada.
A presidente aposta que a crise esfrie com o recesso parlamentar, já que no segundo semestre deste ano estarão em pauta votações em que será necessária a unidade da base aliada, sob pena do governo federal colecionar derrotas como no caso do veto aos royalts do Pré-Sal que é uma decisão que atende a todos os estados em vez de alguns poucos e a votação do Código Florestal, onde entre 81 senadores, sete são quase 10%, uma diferença que pode fazer falta lá na frente. (Com Agência Estado).
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