87% das vias são precárias
Números da Prefeitura de Cuiabá apontam que dos 2.330 quilômetros de vias municipais, 1.550 quilômetros são asfaltados, sendo que 80% do pavimento está com vida útil vencida e não atende a necessidade do tráfego. O restante, 780 quilômetros de ruas não são asfaltados e têm condições precárias de uso. O montante representa 33% do total de vias da cidade.
A gravidade do tráfego é acentuada com a quantidade excessiva de veículos. Enquanto Cuiabá tem capacidade para comportar 100 mil veículos, atualmente a cidade dispõe de 300 mil unidades. A informação é do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Eldemir Oliveira, especialista em transporte e logística.
O secretário da SMTU, Edivá Alves, comenta que anualmente o número de carros e motos nas ruas aumenta e é responsável ainda pela diminuição em 4,5% dos passageiros do transporte coletivo. Ele entende que isso termina por piorar a situação do trânsito.
Para o desembargador Juvenal Pereira da Silva, isso é reflexo da falta compromisso do poder público em realizar obras adequadas de trânsito e proporcionar um transporte coletivo adequado à população. O magistrado classificou o modelo de transporte urbano da Capital como uma "vergonha".
O desembargador cita como exemplo da falta de compromisso a implantação do VLT, que é realizada para atender uma exigência da Fifa para a Copa. "Não é para garantir qualidade à sociedade. Se tivessem esse interesse, já tinham feito o VLT há muito tempo".
Ainda como parte dos problemas que geram a pouca mobilidade dentro do Cuiabá, o secretário da SMTU cita o trânsito de caminhões dentro das vias urbanas, motivados pela falta de estrutura da avenida dos Imigrantes, que serviria como corredor deste modelo de veículos, e a falta de investimento no trânsito que não ocorre há 30 anos. "O Rodoanel também não saiu e os caminhões entram na cidade porque não têm por onde passar".
Alves destaca ainda que as ruas e avenidas de Cuiabá não são interligadas e afirma que a avenida das Torres que veio para, supostamente, desafogar o trânsito em alguns pontos não teve planejamento adequado, o que resultou em uma via sem continuidade e interligação com outros importantes corredores de passagem.
O taxista Adilson Almeida, 51, atua 21 anos como motorista e afirma que hoje andar em Cuiabá nos horários de pico, principalmente entre às 18h30 e 19h30, é muito difícil e imagina que a situação se agravará com o início da execução dos projetos de mobilidade da Copa de 2014.
A vivência prática do taxista é confirmada por levantamento encomendado pela Agência Executora das Obras da Copa do Mundo (Agecopa). O estudo elaborado nos meses de abril, maio e junho, nas principais avenidas de Cuiabá, mostra que os horários críticos de movimento são das 6h30 às 9h30 e das 17h30 às 19h30. A pesquisa deve nortear as medidas a serem tomadas para não trancar completamente o tráfego da cidade durante a realização das obras.
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