Guardadores aplicam "golpe" do pneu furado e facilitam assaltos; corrente na internet faz alerta
"Flanelinhas" são suspeitos de ajudar ladrões de carros
Uma corrente (e-mails encaminhados para diversas pessoas) a respeito de um possível golpe de guardadores de carros, os "flanelinhas", na Praça Popular, área gastronômica em uma das regiões mais nobres de Cuiabá, tem alertado proprietários de veículos. De acordo com os e-mails, o dono do carro estaciona comumente aos arredores da praça e, quando volta, um dos pneus está murcho.
A ação dos flanelinhas se daria, então, no momento em que o proprietário do veículo está verificando o que ocorreu no pneu ou, ainda, como foi o caso do funcionário público Daniel Oliveira, quando está trocando o acessório.
"Quando cheguei ao carro e percebi que o pneu estava totalmente murcho, logo comecei a trocá-lo. Em seguida, o flanelinha apareceu e eu o dispensei de uma forma até grosseira. A irritação foi natural, já que tive que fazer a troca na madrugada", relatou Oliveira ao MidiaNews.
O golpe dos flanelinhas, porém, quase obteve êxito no mês passado, quando um Gol chegou a ser levado e dois rapazes presos.
Na ocasião, quatro mulheres voltavam da Praça Popular, quando perceberam o que o pneu do carro estava murcho. Um flanelinha se ofereceu para ajudar e, quando saíram do carro, dois rapazes chegaram anunciando um assalto.
Da mesma forma, em um segundo e-mail, um rapaz que não se identifica conta a história dele e de uma amiga. Os dois estavam em carros diferentes, a garota seguiu, quando o jovem percebeu o pneu furado e inicou a troca.
"O carro estava estacionado na Avenida Isaac Póvoas, o flanelinha se aproximou e me mostrou que o pneu estava furado. Eu perguntei se ele trocava, ele trocou, pediu R$ 50, mas acabei dando R$ 20 e fui embora. A mesma sorte não tiveram umas amigas, que foram assaltadas", disse.
Policiamento e contradição
Para o delegado coordenador do Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) Oeste Verdão, que engloba a Praça Popular, Hamilton César, o que chama a atenção, neste tipo de ação, é a "parceria" entre flanelinhas e assaltantes.
"Na realidade, muitos cuidam do carro para o dono e para o parceiro que irá assaltar. A atuação dos flanelinhas é um problema social grande, complexo e contraditório, já que campanhas para não pagar os guardadores são realizadas, porém, se o proprietário não paga, corre o risco de que algum dano ocorra no seu veículo", disse o policial.
Entre as soluções para a segurança no local, uma seria o reforço de policiamento. A orientação para os proprietários dos veículos é de não deixar à mostra objetos que chamem atenção dos bandidos.
"Não deixar objetos à vista, como aparelhos médicos, sons, pastas, bolsas, mesmo porque, para a maioria desses flanelinhas, são objetos que têm pouco ou nenhum valor", disse César.
Já para a Polícia Militar, apenas o reforço de policiamento não seria suficiente para sanar os problemas de segurança na Praça Popular. Conforme o comandante da Base do Araés, que engloba a região, capitão Rhuynter Setúbal, a própria mudança no Código de Processo Penal (CPP) vai de encontro às ações que poderiam ser feitas.
"Fazemos abordagem sempre, porém, se essas pessoas não estão com drogas e armadas, não há lei para puni-los. No caso de outros delitos que possam ser cometidos, com a mudança no Código, eles são liberados em seguida. Acaba que isso foge da nossa alçada e essas pessoas continuam perambulando pelas ruas", afirmou o delegado.
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