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Internacional
Quinta - 14 de Julho de 2011 às 18:26

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O governo da Irlanda convocou nesta quinta-feira o embaixador do Vaticano no país para dar explicações sobre um relatório que indica que a Igreja Católica aconselhou os bispos irlandeses a não denunciar padres suspeitos de pedofilia, em 1997.

O vice-premiê e ministro do Exterior irlandês, Eamon Gilmore, disse ter pedido que o Vaticano explique formalmente o que ele chamou de "intervenção inapropriada" nas leis da Irlanda.

Gilmore deu a declaração a jornalistas depois de uma reunião com o núncio apostólico da Irlanda, arcebispo Giuseppe Leanza, para discutir as conclusões do quarto relatório a respeito do acobertamento de casos de pedofilia pelo clero irlandês, divulgado nesta quarta-feira.

O relatório aponta que o Vaticano apoiou a diocese do condado irlandês de Cork, ao ignorar as próprias orientações da Igreja da Irlanda a respeito de proteção à criança, e que muitos casos de abuso infantil não foram denunciados à polícia.

CARTA

Uma carta divulgada pela rede de TV irlandesa RTE aponta que um departamento interno do Vaticano, a Congregação para o Clero, aconselhou os bispos irlandeses.

A carta mostrou que as autoridades do Vaticano rejeitaram, em 1997, a ideia de iniciar um processo de "denúncias obrigatórias" a partir de queixas de abusos contra menores.

Datada de janeiro de 1997, a carta é assinada pelo arcebispo Luciano Storero, já morto, que era representante-chefe do então papa João Paulo 2º para a Irlanda.

O documento foi escrito um ano depois que um comitê de bispos irlandeses elaborou novas políticas que sugeriam que fossem "obrigatórias" as denúncias à polícia caso houvesse suspeitas de abusos.

O documento, redigido pela Congregação para o Clero, diz que o órgão do Vaticano havia estudado as novas políticas irlandesas, mas enfatizava que essas políticas "necessitam estar em conformidade com as normas canônicas em vigor".

"A [política de] "denúncias obrigatórias" dá margem a ressalvas sérias de natureza moral e canônica", escreveu Storero.

Na época da divulgação da carta, a emissora irlandesa afirmou ter recebido o documento de um bispo.

O Vaticano alegou que o documento dizia respeito a uma abordagem específica e já ultrapassada da Congregação para o Clero. 






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