Governo faz das obras abandonadas um lixão
Sem local adequado para acumular o lixo produzido no Centro Político Administrativo (CPA), o governo do Estado passou a usar o terreno do Hospital Central de Cuiabá. As obras da unidade de saúde iniciaram em 1985 e nunca foram concluídas.
No local, que deveria acomodar pacientes, hoje há dezenas de pilhas de sacos de lixo com documentos, copos plásticos descartáveis, restos de alimentos podres, caixas com papéis timbrados de secretarias do governo e diversas embalagens de papel, além de um contêiner de metal vazio, que deveria ser usado para colocar lixo. Há também embalagem de madeira, mangueira e restos de uma caixa de água de fibra de vidro. A montanha de lixo é vista do asfalto, em meio ao mato que toma conta do terreno.
Em junho, mesma época em que o Hospital passou a ser depósito de lixo, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça Federal as alegações finais da ação que pede ressarcimento de US$ 14 milhões. O dinheiro deve ser devolvido pelos responsáveis que desviaram a verba. O MPF pede ainda que o governo do Estado seja obrigado a concluir as obras. A ação existe desde 2003, quando foi firmado um acordo para conclusão das obras em 3 etapas. Mais uma vez, houve descumprimento e o prédio ficou inacabado.
O caos na saúde de Cuiabá persiste há vários anos e a conclusão do hospital desafogaria o Pronto-Socorro, que esta semana deixou de receber pacientes de baixa complexidade encaminhados pelas Policlínicas de Cuiabá.
A Secretaria de Estado de Administração (SAD) informa que todo lixo produzido pelos órgãos do governo é recolhido diariamente e depositado no terreno do Hospital. Isso ocorre há um mês. Antes, o material era acondicionado em um terreno em frente à Defesa Civil, mas as sacolas costumavam ser rasgadas e o lixo ficava espalhado na região.
A SAD afirma ainda que a secretaria tentou licitar por duas vezes a contratação de uma empresa que fizesse a compactação do lixo, mas não houve interesse. Agora, a contratação será feita de maneira direta.
À Prefeitura de Cuiabá cabe o recolhimento e encaminhamento dos resíduos ao aterro sanitário. O serviço deve ser feito às segundas, quartas e sextas-feiras. Conforme o coordenador de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfe), Elzio José da Silva Velasco, o acordo está sendo cumprido e nenhuma reclamação foi registrada pela sociedade ou órgãos do governo sobre a situação.
Ele explica ainda que a quantidade pode parecer grande para quem não entende de logística, mas é preciso levar em consideração a produção diária de lixo no Centro Político Administrativo. A medida foi tomada para facilitar o trabalho de recolhimento, porque a empresa Delta, que faz a coleta, não tinha autorização para entrar nas instituições no período da noite.
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