A falta de pagamento levou ao corte da energia elétrica da Delegacia de Nova Bandeirantes, a 980 km de Cuiabá. Desde segunda-feira (11) a delegacia está totalmente às escuras, o que levou à dispensa dos três únicos policiais civis que atuam na região, sendo que um deles já estava de licença. Conforme o G1 apurou, boletins de ocorrências não estão sendo registrados e alguns casos são encaminhados para delegacias próximas.
Até mesmo prisões são praticamente impossíveis de se realizar na região diante da circunstância que impede que alguém fique detido na cela. "Como vou levar alguém para lá [delegacia] se não tem luz? E também não tem nem como registrar boletim se o computador não funciona sem energia", declarou ao G1 um policial que pediu para não ser identificado por temer retaliação.
De acordo com informações repassadas pela delegacia, a dívida é de quase mil reais e se refere a faturas atrasadas dos últimos três meses. O local é alugado e de responsabilidade do estado. Além disso, a delegacia está apenas a 70 quilômetros de Nova Monte Verde, onde, no último dia 4 de julho, ocorreu um assalto a uma agência bancária e a quadrilha fez clientes reféns.
Os policiais de Nova Bandeirantes também foram acionados para auxiliar nas buscas, o que não estaria ocorrendo pela falta de estrutura. "Além de não podermos ficar na delegacia, não temos viatura. Como poderíamos ajudar?", pontuou o policial civil, que contou ainda que a cidade está sem viatura desde março.
Por outro lado, a Polícia Civil admite a problemática e enfatiza que o corte do fornecimento de energia na delagacia se deu porque o pagamento das faturas era realizado anteriormente pela Prefeitura de Nova Bandeirantes e o trâmite processual para que o governo assuma a responsabilidade ainda não teria sido finalizado.
O diretor de execução e estratégia da Polícia Civil, José Antônio Cavadas, disse, por meio da assessoria, que o imóvel onde se encontra a delegacia foi alugado pela administração municipal. Porém, repassou a dívida para o estado. Dessa forma, segundo o diretor, não há como realizar a quitação do débito enquanto o processo de transferência não for finalizado.
O procurador municipal de Nova Bandeirantes, Eron da Silva Lemes, contesta a informação da Polícia Civil e garante que toda a documentação solicitada para a transferência já foi encaminhada há mais de 60 dias à diretoria da instituição. Desde então, segundo o procurador, a administração municipal deixou de realizar o pagamento da energia elétrica da delegacia.
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