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Polícia
Domingo - 17 de Julho de 2011 às 08:46
Por: RAQUEL FERREIRA

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Marcos Bergamasco e Diário de Cuiabá
Em 2033, Hércules chega à prisão; no destaque, homenagem aos menores, no Beco do Candieiro
Em 2033, Hércules chega à prisão; no destaque, homenagem aos menores, no Beco do Candieiro

A realização de um laudo de balística pode dar um novo direcionamento às investigações da "Chacina do Beco do Candieiro", que há 13 anos vitimou os adolescentes Adileu Santos, 13, o Baby, Edgar Rodrigues de Arruda, 15, o Indinho, e Reginaldo Dias Magalhães, 16, o Nado, no Centro Histórico de Cuiabá.

Três testemunhas apontam o ex-cabo PM Hércules de Araújo Agostinho como autor do triplo assassinato e tentativa de homicídio de Edilson Alves Ferreira Júnior, ocorridos em 10 de julho de 1998. Hércules ganhou notoriedade como pistoleiro de João Arcanjo Ribeiro, ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, preso em Campo Grande (MS).

O pedido para confecção do laudo foi feito pelo Ministério Público e aguarda parecer da Justiça. O processo tramita na 12ª Vara Criminal e está no gabinete para despacho.

Conforme argumentação, as vítimas foram atingidas por vários tiros de pistola calibre 765, semelhante a arma de Hércules usada para matar Alinor Santana Pereira, em 1999. Esse assassinato foi cometido pelo policial militar Sandro Márcio Martines.

A suspeita do ex-cabo ter cometido os crimes surgiram depois que Ananias Santana da Silva, Edmilson Pereira da Silva e José de Barros Costa, todos amigos do ex-braço armado de João Arcanjo, prestaram depoimento à Gerência de Repressão a Sequestro e Investigações Especiais, da Polícia Civil. Nas oitivas, os 3 afirmaram que Hércules contou que havia assassinado os adolescentes porque as vítimas haviam furtado Valdete Pedrosa da Silva, sua esposa à época dos crimes. A mulher nega a versão.

Preso pela acusação de extorsão, Ananias afirmou que estava na casa do ex-cabo e o ouviu contando a Edmilson que na noite anterior havia matado 3 adolescentes que furtaram a esposa. Em depoimento, ele conta que Hércules teria sondado os jovens que pediam dinheiro no Bar do Amarelinho e visto aonde eles se recolhiam para dormir. Em seguida, matou os adolescentes.

Valdete teria ido ao Centro de Cuiabá para pagar contas e depois seguiria para a casa da mãe no Coxipó. Porém, a mulher foi furtada por 3 jovens, que levaram uma corrente de ouro e um vale transporte. Como não tinha como ir embora, ela ligou para o marido buscá-la e contou o que havia ocorrido.

A mesma versão sobre o porquê dos assassinatos foi contada por Edmilson, que também é acusado de extorsão. Ele revela que também estava na casa do ex-policial quando soube dos fatos. Eles assistiam televisão quando foi noticiada a chacina e Hércules disse que "aqueles não roubariam mais corrente de ninguém".

A ação criminosa teria sido revelada com detalhes aos que estavam presentes. Disse aos amigos que usou uma roupa preta com capuz e foi de moto até o local das mortes, não dando qualquer chance de defesa às vítimas. "Morreram que nem viram", relatou Hércules, conforme versão de Edmilson.

O terceiro depoimento que coloca o ex-cabo na cena do crime é do ex-policial militar José de Barros Costa, que foi expulso da PM por ter cometido vários crimes, incluindo o auxílio a Hércules durante fuga da Penitenciária Central do Estado, em maio de 2003.

Atualmente, Costa é marido de Valdete. Ele afirma que ficou preso com Adeir de Souza Guedes Filho, no Presídio Militar de Santo Antônio, onde ficou sabendo que o colega de cadeia era acusado da chacina. Filho teria comentado que não era culpado e Costa destacou que sabia disso, pois Hércules havia assumido a autoria entre amigos.

Costa se colocou à disposição de Filho para testemunhar a seu favor. Ele afirma que Valdete havia confirmado o envolvimento do ex-marido nas mortes, mas em depoimento ela nega a versão. E destaca que não foi furtada, apenas abordada por um rapaz que pedia dinheiro.

Além de Filho, outras duas pessoas chegaram a ser denunciadas pelo Ministério Público pela Chacina. Porém, Filho foi reconhecido 3 anos depois dos fatos, por meio de uma fotografia, pela vítima sobrevivente. Laudos do processo mostram que no dia do crime, Edilson Júnior estava completamente dopado pelo uso de drogas.
 





Fonte: A GAZETA

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